Visitar Viena em 3 Dias – Dia 2 e Dia 3

Viena - 1022º DIA

– O Palácio de Verão Real e o Palácio do Príncipe que era General!

Preparem-se que este vai ser um dia real, perdidos entre palácios, a ouvir histórias da realeza e a perceber o esplendor (quase nunca perfeito) destas vidas. Um dia em cheio e extremamente cansativo mas que valeu por cada minuto!

Nós adoramos andar a pé, achamos que de transportes públicos se podem perder momentos incríveis na cidade, como uma igreja, um parque, um monumento que se não estivéssemos a pé e ao nosso ritmo nos teria, certamente, escapado. Mas hoje é dia de utilizar os transportes públicos! Apanhamos o metro no local onde terminamos ontem o nosso dia, na KarlsKirche (ver). E rumamos em direção ao estonteante Schloss Schonbrunn.

Viena - 103Schloss Schonbrunn

Este expoente máximo da arquitetura barroca de Johann Fischer von Erlach (o mesmo da Karlskirche) era a residência de verão da família imperial Habsburg, sim, a casa de férias, nada de especial!

Foi construído entre 1695 e 1713, mas pouco permanece do seu traçado original, a Imperatriz Maria Teresa mandou remodelar o interior em rococó, e em 1817-19 a fachada sofreu grandes alterações, altura em que foi pintada no característico “amarelo Schonbrunn”.

 Viena - 99

Maria Teresa foi a única mulher a governar na família imperial dos Habsburgos, graças ao seu pai que alterou as leis da sucessão, como já vos falei na história da cidade. Maria Teresa teve 16 filhos, dos quais alguns nomes bem importantes na história da Europa, como Maria Antonieta de França, Maria Carolina das Duas Sicilias, Maria Amália de Parma, José II da Áustria (seu sucessor), e Leopoldo II do Reino da Boémia.

Maria Teresa foi das figuras mais importantes do império, sendo responsável por grandes reformas financeiras e educacionais, promoção do comércio e desenvolvimento da agricultura, além de reorganizar o exército austríaco, o que fortaleceu a posição internacional da Áustria. No entanto, ela recusou-se a permitir a tolerância religiosa, levando o seu povo a avaliar o seu regime como preconceituoso e supersticioso.

Bem, voltando ao palácio.
Acreditem quando vos digo que tudo é monumental neste local, todas as salas, cada peça de mobiliário, os lustres, os jardins, até têm um jardim zoológico! Isto sim, era riqueza!

Optamos por fazer o Grand Tour, que nos permitiu ver 40 salas do interior do palácio, com audioguide no decorrer de cerca de 50min. Pareceu-nos a opção mais adequada a nós. Além destas salas depois ainda visitamos os jardins (estão abertos ao público, vimos imensos locais a correr, o que nos pareceu já ser habitual nos vienenses).

O Grand Tour fica por 18.90€ – 12€ para crianças, e tem desconto de 20% com o Viena Card (mais informações).

Têm outras opções de bilhete: o Imperial Tour, 22 salas em 30min, ideal para quem tem pouco tempo; o Sisi Ticket, que além do Grand Tour neste palácio, inclui a entrada no Palácio Hofburg (já falaremos nele no terceiro dia do roteiro); e os Winter Pass, o normal e o Plus, que além de um Grand Tour incluem também o acesso total aos recantos dos jardins, nomeadamente ao zoológico – os preços (adulto), são  respetivamente 12.90€, 28€, 25€, 32.5€.

Atenção que os Winter Pass têm este nome pois só podem ser adquiridos na altura do inverno – de Novembro a Março. A entrada nas diferentes áreas do jardim pode ser adquirida nos respectivos locais, ou seja, pode comprar-se um bilhete individual.

Bem, mas vamos ao que interessa! A nossa visita nesta monumental casa de verão imperial!

Sinceramente foi dos locais que mais gostei de visitar em Viena, muito me fez lembrar o Palácio de Versailles em Paris (aliás, este palácio é chamado de Versailles de Viena!).

As salas possuem imenso mobiliário antigo disposto da forma mais original possível, o que facilmente nos transporta para aquela época, e aconselho vivamente a fazerem o tour com audioguide. Fiquei a saber ainda mais sobre a família imperial dos Habsburgos e os seus casamentos arranjados com outras famílias reais, nomeadamente as francesas!

A Sala dos Espelhos tem um cunho especial, pois além da beleza com decoração rococó e os seus espelhos de cristal, foi aqui que Mozart, ainda em criança, deu um concerto privado para a Imperatriz.

A Grande Galeria é dos locais mais imponentes, com janelas altas, lustres majestosos, tons dourados e brancos a rivalizarem entre si, é um exemplo perfeito do estilo rococó. Só dá para imaginar um baile ou um banquete neste local! Incrível!

A sala do Napoleão é menos imponente mas igualmente lindíssima, com tapeçarias flamengas. E perguntam vocês porque é que Napoleão tem aqui uma sala?! Primeiro porque ocupou Viena, entre 1805 e 1809 e segundo porque foi casado com uma das filhas da Imperatriz Maria Teresa, a Maria Luísa.

Todas as salas são deslumbrantes, adorei o Salão Chinês, com o seu papel de parede azul feito com papel de arroz, e os aposentos, quer de Maria Teresa, quer da Imperatriz Isabel (ou Sissi como é conhecida). Acima de tudo, esta visita serviu como expoente máximo da história da Áustria mas também da Europa, perceber as ligações que se iam fazendo para manter e aumentar o império, os casamentos forçados, as vidas desfeitas mas que se mantinham por aparências, e a riqueza que se ia acumulando, completamente incrível.

Destaque para dois importantes factos, a forma como Maria Cristina, a filha preferida da Imperatriz Maria Teresa, conseguiu casar-se por amor, com Alberto de Saxe-Teschen (os seus irmãos odiavam-na!), e toda a história de amor louco de Francisco José I para com a sua mulher Sissi, e a falta de sentimento da parte desta para com ele (Destes dois fala-vos amanhã!).

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Visto o interior do palácio rumamos aos seus esplêndidos jardins.
Como já vos disse, estes estão abertos ao público, no entanto, para visitar alguns dos espaços fechados contidos nos jardins, tem que se comprar bilhete, como é o caso do Museu dos Coches, da Orangerie ou do Jardim Zoológico. Não visitamos nenhum, apenas passeamos pelos jardins, em jeito de passeio da corte!

Viena - 96 Os jardins do palácio com a Gloriette ao fundo

Destaque, no entanto, para o facto do jardim zoológico ser o zoo mais antigo do mundo, fundado em 1752.

O ex-libris dos jardins é a Gloriette, o edifício em arcada de estilo neoclássico que dá um toque ainda mais imperial aos jardins.

Outro ponto importante é A Bela Fonte, porque segundo se consta, em 1619 (quando este local ainda era apenas um mato) o imperador Matias caçava na zona e descobriu uma fonte, ao que exclamou Schobrunn, que significa fonte em alemão, sendo por isso o nome dado ao palácio.

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Foi uma manhã real, mas é hora de parar um bocadinho para descansar e comer!

Viena - 88Plachuttas Gasthaus zur Oper

Tornamos a apanhar o metro para o centro da cidade, e fomos almoçar a uma das cadeias mais conhecidas e requisitadas, o Plachutta, neste caso no Plachuttas Gasthaus zur Oper, mesmo próximo à Ópera. Aqui comemos o famoso Wiener Schnitzel (que é semelhante ao nosso panado), típico da Áustria, aqui servido numa porção gigante e muito saboroso.

Viena - 89Wiener Schnitzel e uma salada de batata e cebola

Não percam esta iguaria, quando viajamos temos que comer o que os locais comem!

Barriguinha cheia, ainda fomos descansar um pouco no belíssimo Stadtpark.

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Viena - 90Stadtpark

Mas é hora de continuar e seguir para o palácio do Príncipe Eugénio, o Belvedere.

O Príncipe Eugénio de Sabóia foi o mais aclamado dos generais Habsburgos devido à sua vitória frente aos Turcos em 1683. Devido ao dinheiro que foi acumulando com vitórias sucessivas mandou ordenar a construção de um palácio de verão, com duas galerias, o Baixo e o Alto Belvedere. Esta foi a mais ambiciosa e cara construção levada a cabo por um particular, o que originou um belíssimo exemplo de arte barroca e um dos mais bonitos edifícios de Viena.

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Assim, como já se aperceberam, o Belvedere é dividido em duas partes, o Alto e o Baixo Belvedere.

O Baixo é utilizado para exposições temporárias e contém também os aposentos e os salões de receções.

Como já era tarde e estávamos cansados optamos por visitar apenas o Alto Belvedere. O custo de entrada era de 14€ mas com o Viena Card ficou por 12.5€.

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O Alto Belvedere torna-se logo imponente à entrada, com a sua Sala Terrena, onde quatro figuras hercúleas suportam a abóboda do teto e uma elegante escadaria faz as honras da casa.

No primeiro piso deslumbrei-me com o Salão de Mármore, utilizado outrora para bailes e receções, foi aqui que foi assinado o Tratado de Estado Austríaco em 1955. Além deste magnífico salão temos aqui obras de alguns dos mais importantes artistas austríacos, como é o caso da obra O Beijo de Gustav Klimt de 1909, ou algumas das obras mais marcantes de Oscar Kokoschka do Expressionismo.

Viena - 81Jardins do Belvedere

No segundo piso continuamos com o festim de arte de alguns dos mais aclamados artistas da altura do Realismo, Impressionismo, Romantismo, Neoclassicismo, Barroco e inícios do século XIX. Destaque para os Estudos de Fisionomias e Temperamentos de Franz Xavier Messerschimdt, que compreende bustos em que as expressões faciais e estados de espírito são levados ao extremo.

No Alto Belvedere, através das obras de alguns dos artísticas, como é o caso de Gustav Klimt, está bem presente o Movimento da Secessão, que se deu por volta de 1900 em que se fundou a Associação de Artistas Austríacos – Secessão, e que pretendia romper com a tradição, cujo estilo dominante se revelava em cores fortes, formas humanas fluidas e plantas estilizadas. Foi um período de despertar na arte e que muito engradeceu Viena.

Terminamos a visita ao Alto Belvedere nos seus magníficos jardins ao estilo francês com as usas belíssimas estátuas de musas e esfinges.

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Assim terminamos mais um dia na Imperial Viena, e hoje, sim, pode dizer-se que o dia foi da realeza!

Como o cansaço já se fazia sentir, mesmo próximo à saída do Belvedere apanhamos o Tram (elétrico) até ao nosso também imperial Hotel (ver), onde ainda conseguimos descansar algumas horas antes de ter uma das mais memoráveis experiências gastronómicas no estrelado restaurante Edvard do Hotel Palais Hansen Kempinski (ver).

Viena - 683º DIA

– O Palácio e a Albertina

Terceiro e último dia na magnificente Viena.
Deixamos para o fim talvez o mais importante edifício da cidade, o Palácio Real Hofburg.

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Este é o antigo Palácio Imperial de Viena, cuja sumptuosidade chama a atenção de todos.
Este complexo, ou castelo, foi sendo gradualmente aumentado até 1918, quando o império dos Habsburgos terminou.
À medida que o poder dos Habsburgos crescia, os sucessivos imperadores iam acrescentando edifícios ao palácio.

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Atualmente, acolhe a sede da Presidência da República, um centro de conferências internacional, a Escola de Equitação de Inverno, os vários apartamentos oficiais e privados e diversos museus e salões de Estado abertos ao público.

A entrada para o Museu Sissi com os aposentos reais e as coleções de prata custa 12.5€, com o Viena Card fica por 11.5€.

A Imperatriz Sissi é uma das figuras mais importantes no país, há quem diga que o sucesso do seu marido, Francisco José, o imperador, foi conseguido graças à sua esposa.

Francisco José ficou conhecido como o Imperador Reformista pois após um longo período de complicações politicas, trouxe paz a Viena, criando uma nova era de esplendor capaz de trazer à cidade artistas, escritores e compositores.

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Francisco José foi coroado apenas com 18 anos e casou-se com Sissi com 23, em 1853. Ao que tudo indica terá sido amor à primeira vista por parte dele, uma vez que estava prometido à irmã de Sissi e não a ela!

Mas este amor não era totalmente correspondido, e Sissi nunca aceitou a rigidez da corte nem dos costumes austríacos, a relação com a sogra era insuportável, esta não a deixava sequer criar os filhos e Francisco José estava ausente muito tempo.

Sissi vivia em constante depressão, o que agravou com a morte do único filho homem por suicídio. No entanto, e apesar de tudo, Sissi e Francisco José governaram Viena como ninguém e foram adorados pelo povo.

E a felicidade de Sissi chegou quando foi aclamada Rainha da Hungria, em 1867, e passou a poder frequentar mais a Hungria do que a Áustria mostrando nitidamente a sua preferência pelo império Húngaro. O mundo de Francisco José ruiu quando Sissi foi assassinada por um anarquista italiano em 1898.

Curiosidade: um dos locais para onde Sissi viajava muito e adorava era a Madeira!

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Mas passando, então, aos seus aposentos, podemos ver a riqueza daquela época, muitas das salas são dedicadas inteiramente a Sissi, e conservam-se tal e qual como se encontravam durante a vida dela.

Durante a visita vão também ver as coleções do Serviço Imperial de Prata, em que podemos bem perceber o esplendor dos banquetes que por ali se faziam.
Ao longo da visita é ainda possível ter acesso a alguns dos maiores tesouros do império dos Habsburgos.

Todo o complexo do palácio é majestoso, e mesmo não entrando, sente-se o seu poder, a grandiosidade e a altivez deste espaço.
Neste local podem também visitar a Capela da Corte, um dos locais mais antigos do palácio, onde outrora Mozart privilegiou muitos com os seus concertos, a Biblioteca Nacional e a Escola de Equitação de Inverno.

Sem dúvida, um expoente máximo da cidade, e da Europa.

Viena - 38Bitzinger Würstelstand

Saímos do palácio e caminhamos ao longo dele, para apreciarmos toda a sua beleza, decidimos fazer uma breve paragem para comer algo. Optamos por experimentar, como não poderia deixar de ser, as tradicionais salsichas austríacas, escolhemos para isso o Bitzinger Würstelstand, junto ao Palácio Albertina.

Viena - 37As deliciosas salsichas Austríacas

Viena - 73Albertina

Já com as baterias recarregadas decidimos terminar o nosso dia no Palácio Albertina, cujo fundador foi o marido daquela filha da Maria Teresa que conseguiu casar por amor, lembram-se?!

Esse mesmo, o duque Alberto de Sachsen-Teschen. Atualmente este palácio serve para albergar as maiores e mais valiosas coleções de arte gráfica. É utilizado, também, para exposições temporárias de pinturas, desenhos, gravuras e fotografias. Aquando da nossa visita estava a decorrer uma exposição de Edvard Munch, um pintor norueguês percursor do expressionismo alemão.

Viena - 13 Albertina

E assim terminamos o nosso último dia em Viena, a saudade já aperta e agora vemos que o tempo não foi suficiente, há tanto para ver, tanto para fazer… caso só consigam ir três dias como nós, espero que este roteiro possa ajudar, se conseguirem ir mais tempo sugiro também outros locais a visitar ou coisas a fazer:

– Museu de história Natural (Natur-historisches museum)
– Museu de Belas Artes (Kunsthistorisches Museum)
– Museu de Arte Moderna (Museumsquartier)
Todos eles se situam uns ao lado dos outros, com um Monumento a Maria Teresa ao centro.

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 Viena - 63Monumento a Maria Teresa

A não perder também:
– uma ida à Ópera, reservem com antecedência pela internet, mesmo que não seja uma ópera do vosso maior agrado.
– um concerto de música clássica, com o órgão como rei, numa das belíssimas igrejas.
– um momento de descanso em algum dos maravilhosos cafés de Viena, num ambiente que facilmente nos transportará para o ambiente boémio de outra época – o Café Central é um dos mais antigos e bonitos da cidade. Mas têm uma imensidão de opções.
– Compras na cosmopolita região de Golden Quarter, onde encontrarão as melhores marcas.

Viena - 55Golden Quarter

Usufruam desta cidade ao máximo, pode não ser o destino preferido de todos, mas é certo de que ninguém poderá negar a sua beleza, a sua elegância e a sua opulência.

Para mim, uma das minhas cidades europeias de eleição.

  Viena - 41       Viena - 32       Viena - 15

  Viena - 35       Viena - 60       Viena - 85

  Viena - 106       Viena - 49       Viena - 36

Onde Ficar
InterContinental Wien
Park Hyatt Vienna

 English Version

Texto: Cíntia Oliveira | Fotos: Flavors & Senses com a Sony A7S

Nota
– Em Viena tivemos o apoio do Vienna Tourism Board na organização da viagem e visitas a alguns dos locais.
– Não são permitidas fotos no interior dos Palácios e Museus.
– As fotos nem sempre representam a nossa primeira passagem nalguns dos locais ou o mesmo dia de viagem.

Este Artigo é o 2º de 2 artigos para o nosso Guia de Viena – (Ver Dia 1)

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