Visitar Viena em 3 Dias – Dia 1

Viena… talvez uma das cidades que sempre me suscitou mais interesse, a cidade Imperial, a cidade dos grandes compositores, a cidade da elegância, do luxo, e da imponência!

Talvez por, durante tanto tempo, a ter associado a Paris (ver) me suscitou tanto curiosidade, uma vez que adoro Paris, mas rapidamente me apercebi que Viena tem a sua própria identidade e a sua própria beleza, e que beleza!

Além dos imensos elogios que lhe possamos tecer, Viena é, acima tudo, uma das melhores cidades do mundo para se viver, não, não sou eu que o digo, é o estudo internacional do Mercer, de 2015, em que a qualidade de vida foi comparada com base em 39 critérios, tais como fatores políticos, económicos, sociais e ambientais, em 230 cidades de todo o mundo, sendo que Viena ocupou o primeiro lugar pela sétima vez consecutiva, além de que, é também considerada como uma das cidades mais ricas do mundo.

História da Cidade

As evidências arqueológicas parecem mostrar que já no Paleolítico havia pessoas a habitar a região de Viena e a partir do período neolítico Viena foi habitada continuamente. Sendo que a presença humana na atual Viena parece ter origem celta.

Entre o século I e V os Romanos tomaram conta da cidade
Durante a Idade Média Viena foi do domínio dos Babenberg, com o seu primeiro soberano Leopoldo de Babenberg, sendo que em 1030 foi a primeira vez que o nome Viena terá sido mencionado. Em 1156 a cidade tornou-se um centro de comércio.

Após a morte do último Babenberg, Viena torna-se a casa da família Habsburgo, com a coroação de Rodolfo I em 1273 a cidade passa a ser o centro do Sacro Império Romano, e permanece a cidade dos Habsburgos até 1918.

Ao longo destes séculos de reinado muita coisa se desenvolveu, e muitas personalidades importantíssimas fizeram desta cidade o que ela é hoje.

Alguns dos mais importantes serão Maximiliano I, que tanto fez desenvolver a arte e ciência no país, Carlos VI que alterou as leis da sucessão permitindo à sua filha, a aclamada Maria Teresa, a governação de Viena, que traria uma panóplia de reformas ao Império, o Príncipe Eugénio que derrotou os turcos em 1717, e Francisco José I, o expoente máximo do Império desta família, em grande parte graças à sua esposa Isabel da Baviera (a eterna Sisi dos austríacos).

Assim foi até 1916 quando Francisco José I morreu e o seu sucessor, Carlos I, não consegui manter a paz e foi forçado a exilar-se (nos Açores!) em 1918, sendo este o fim do império dos Habsburgos.

Após a Primeira Guerra Mundial a pequena República da Áustria emergiu, ao qual se seguiu em 1934 um período de governação autoritária.

Quando em 1938, aquando da Segunda guerra mundial, Hitler marchou sobre o país e o anexou ao Terceiro Reich, Viena foi severamente bombardeada e perdeu grande parte dos seus marcos históricos.

Dez anos depois do final desta guerra, o país foi desocupado pelos Aliados e recuperou a soberania com o Tratado de Estado.

Conhecemos Viena em três dias. Se chegou? Talvez não!

Mas foi o suficiente para me apaixonar! Razão pela qual, quero muito, muito, muito voltar!

Como tínhamos pouco tempo e para facilitar a nossa viagem e acesso aos diferentes locais a visitar optamos pelo Viena Card de 48h (custo: 18,90€). Este cartão tem a opção de 48 e 72h (21,90€) e oferece desconto em museus e pontos turísticos, teatros, concertos, lojas, cafés, restaurantes, e viagens gratuitas no sistema de transportes públicos. Ou seja, compensa! (Para mais informações)

Podem adquiri-lo nos centros de informação turística, tem um bem próximo do palácio Hofburg, mais concretamente entre o museu Albertina e a Ópera.

Viena é uma cidade por onde nos podemos perder sem nos preocuparmos em nos encontrar, parece enorme pois é monumental, mas visita-se facilmente, até porque, é um museu a céu aberto, mesmo que optássemos por não entrar nos diferentes pontos turísticos, desfrutaríamos, na mesma, da cidade de corpo e alma!

Assim sendo, organizei um roteiro de três dias pela cidade, como já disse, não é o suficiente, se puderem optem por cinco dias.

1º DIA

– As Igrejas, a Ópera e o Freud!

Como já é habitual, começamos o dia bem cedo, com um daqueles pequenos-almoços que nos mantém fartos até à hora do lanche (até porque, eu nem sequer sou apologista de que se deve comer obrigatoriamente de 3 em 3h!)! E, assim, de barriguinha cheia seguimos à descoberta da cidade.

E porque não começar esta viagem pela mais imponente e importante igreja de Viena?

Stephansdom

Bem no coração da cidade ergue-se um dos mais bonitos edifícios góticos do país, a Stephansdom.

Os alicerces da igreja românica original já datam de 1147, mas os seus bens mais antigos são o belíssimo Pórtico dos Gigantes, que deve o seu nome a um osso de mamute encontrado no local durante a construção, e as Torres dos Pagãos.

Stephansdom

Já nos séculos XIV e XV os Habsburgos quiseram embelezar ainda mais este local de culto e mandaram acrescentar a nave gótica e as capelas laterais.

A igreja sofreu danos bastante abrangentes na 2ª Grande Guerra, mas reergueu-se à medida que o próprio país emergia do conflito.

Hoje é, sem dúvida, um dos grandes marcos da cidade e um local a não perder. Percam-se aqui dentro, vagueiem calmamente e observem-na com atenção.

A entrada na igreja é gratuita, apenas se paga a subida às torres.

Daqui, seguimos para um local especial (para mim), o Museu de Sigmund Freud, o fundador da psicanálise. Especial, porque dentro da área da saúde (a minha área de formação) a psiquiatria/psicologia é uma das que mais me atrai, e Freud e as suas teorias têm a sua quota parte de culpa nesta minha paixão!

Este museu é a casa onde Freud viveu e deu consultas de 1891 a 1938, até fugir para Londres com a sua família aquando da 2ª Guerra Mundial.

Do formato original da casa pouco sobrou, até porque, esta foi utilizada pelos militares nazis durante a ocupação de Viena. O hall da entrada do consultório é o que mais se aproxima da realidade, as restantes salas estão preenchidas com algum mobiliário original, documentos, fotografias, excertos de trabalhos, cartas e artigos jornalísticos sobre a vida e a obra de Freud.

A entrada no museu custa 9€, com o Viena Card tem 17% de desconto.

Mas, psicanálise à parte, continuamos a nossa visita pela cidade.

Ópera de Viena

O objetivo era agora rumar à ópera. Fomos caminhando e absorvendo toda a elegância de Viena à nossa volta, cada marco de história mais imperial e deslumbrante que outro, até que chegamos a um complexo de três imponentes edifícios, limitamo-nos a observá-los, não entramos em nenhum, o Burgtheater, em frente, a Câmara Municipal (Neues Rathaus) e ao lado desta, o Parlamento.

 Parlamento

Para mim, o mais marcante, sem dúvida a Câmara em estilo neogótico, que com a sua grandiosidade nos arrebata num milésimo de segundo.

Câmara Municipal

Se tiverem oportunidade não percam este edifício pela noite, a iluminação é soberba. Se forem a Viena na altura do natal ainda têm a sorte de usufruir do mercado que se realiza na praça em frente à Câmara nessa altura. Relativamente ao Parlamento também merece o seu destaque, com a sua majestosa fachada grega.

Burgtheater

Bem, mas continuamos a nossa longa caminhada até à Ópera – Staatsoper.

Ópera de Viena

Este local é um dos ex-libris de Viena, e que ninguém deve perder, e como não tínhamos comprado nenhum bilhete para ver um espetáculo, primeiro porque não procuramos com muita antecedência (logo, muitos dos lugares já tinham esgotado) e depois porque nos dias em que íamos estar na cidade, não nos interessava particularmente nenhuma das óperas em exibição, posto isto, optamos por fazer apenas uma visita ao interior do edifício (são organizadas visitas guiadas em alguns dias da semana). Mas, para “mal dos meus pecados” a ópera estava fechada para visitas, apenas abriria à noite para os espetáculos, quer neste dia, quer no dia seguinte.

Por isso tivemos que pôr de lado esta visita (vou ser mesmo obrigada a regressar a Viena!).

Muito me custou pois era um dos locais que mais queria visitar, no entanto, afogaria as minhas lágrimas uns dias mais tarde na Ópera de Budapeste!

Bem, vamos terminar o nosso primeiro dia em Viena da forma como começou, numa igreja!

Karlskirche

A Karlskirche é um belíssimo exemplo de arte do período barroco com inspiração na arquitetura clássica e com alguns traços orientais, pelas mãos de um dos mais importantes arquitetos de Viena do século XVIII, Johann Fischer von Erlach.

Karlskirche 

Esta foi mandada construir por Carlos VI para agradecer a Deus por ter livrado Viena da peste epidémica de 1713. Esta igreja não tem, certamente, o impacto da Stephansdom mas tem o seu encanto, a sua cúpula está angelicamente pintada com frescos que representam a Virgem Maria pedindo à Santíssima Trindade que liberte a população da peste.

A entrada na igreja é paga e a subida de elevador à cúpula também, fica por 8€, com o Viena Card fica com 50% de desconto.

Já cansados seguimos para o nosso hotel, para relaxar um pouco antes de nos prepararmos para uma fantástica experiência gastronómica em Viena, o jantar no  estrelado Konstantin Filippou. Mas sobre isso o João falará mais tarde.

Onde Ficar
InterContinental Wien
Park Hyatt Vienna

 English Version

Fotos: Flavors & Senses com a Sony A7S

Nota
– Em Viena tivemos o apoio do Vienna Tourism Board na organização da viagem e visitas a alguns dos locais.
– As fotos nem sempre representam a nossa primeira passagem nalguns dos locais ou o mesmo dia de viagem.

Este Artigo é o 1º de 2 artigos para o nosso Guia de Viena.