Paris – Les Bouquinistes

Se a um dos bairros mais gastronómicos da cidade juntarmos um restaurante com vista para o Sena e a bela Pont Neuf, com a assinatura de Guy Savoy, temos promessa de sucesso. O Les Bouquinistes foi completamente remodelado nos finais de 2013, dando ao espaço um ambiente moderno e cosmopolita com mais inspiração em Nova Iorque do que nos espaços clássicos parisienses. Como elemento decorativo não se esqueceram dos livros que lhe dão nome, e dos vinhos, ou não estivéssemos nós num restaurante francês. Falando em vinhos, lindíssimo o expositor em vidro criado por Jean Michel Wilmotte que aproveitou muito bem toda a iluminação do restaurante.

Apesar do selo de Guy Savoy, este funciona como uma referência, em vez dos habituais chefes ausentes que controlam a orientação do restaurante e assinam as cartas, sendo a cozinha totalmente controlada por Stéphane Perraud, assistente de Savoy há vários anos. A cozinha segue as paixões de Savoy, com ingredientes exóticos, combinações originais e pratos leves com recurso a bastantes legumes e ervas.

Ao almoço com a carta de  “cozinha do mercado” é possível escolher uma entrada, prato e sobremesa (entre duas opções de cada um) por 35€  (inclui copo de vinho), ou 31€, entrada/prato ou prato/sobremesa, também com vinhos. Pelo que pode certamente ser uma boa opção, ainda que menos criativa que a carta normal, para quem quiser um almoço sobre o Sena, com preços mais convidativos.

Dando total liberdade à cozinha começamos com uma simpática seleção de pães e azeitonas, aos quais se foram seguindo as entradas a bom ritmo.


Terrina de foie gras, chutney de frutos tropicais e kumquat
Não poderíamos ter começado melhor. Excelente a textura e sabor da terrina, que se conjugou muito bem a gordura com a acidez dos restantes elementos.

A acompanhar um copo de Château la Rose Bellevue 2012 Sauvignon Blanc, que com as suas notas tropicais e acidez harmonizou muito bem com o prato.

Lagostins em caldo Thai, creme de cenoura e gengibre, legumes grelhados
O prato revelou-se menos picante do que o anunciado, com um caldo translúcido e saboroso, preparado com as cabeças do marisco. O lagostim foi sem dúvida o destaque do prato, cozinhado no ponto, com uma textura irrepreensível. Os legumes, assim como os rebentos deram uma ótima envolvência ao prato.

O Château de Chamirey Blanc 2008, um 100% Chardonnay, mostrou-se um grande vinho e completou muito bem com este prato e o que se lhe seguiu.


Vieiras, puré de couve flor, cogumelos e chouriço
A simplicidade de um prato que veio a revelar-se a estrela do almoço. Excelentes e bem cozinhadas vieiras, com couve flor em puré e finas lascas, cogumelos salteados com chouriço e ar deste último. Uma excelente conjugação de sabores, texturas e aromas, num prato mágico.


Ovo escalfado, tupinambo, pato fumado e coulis de agrião
Mais um prato que reflete a leveza e elegância da carta, ovo cozinhado na perfeição sobre um macio puré de tupinambo, pato levemente fumado, e um interessante e bonito coulis de agrião, tudo ligado por uma vinagrete de trufa preta que eleva os restantes elementos. Textura, sabor e beleza num excelente prato.

Harmonizou-se com um Lucien Muzard, Santenay Maladière 1er cru 2011, um Pinot da Borgonha, ainda bastante jovem, mas que fez uma boa conjugação com a sua mineralidade e notas florais.


Leitão, Barriga de porco confitada, molho de alho negro, cogumelos e lentilhas
Um prato com altos e baixos, grande sabor no seu conjunto, com apenas a pele do leitão a desiludir, não estava crocante, e era esse o elemento que faltava ao prato para brilhar. Fantástico o estufado de lentilhas, que acompanhava o prato, bem que podia ser uma refeição por si só que eu ficaria feliz.

A acompanhar um Syrah 2011, La Rosine de Michel & Stephane Ogier, um vinho de excelente relação qualidade/preço, que funcionou bem com o prato.


Chocolate
Uma pequena sobremesa para terminar uma já farta refeição. Chocolate 75%, fino e crocante praliné, delicada ganache e um delicioso sorbet de chocolate com nibs de cacau. O doce apresentou-se no ponto certo, deixando sobressair a qualidade do chocolate. Uma boa sobremesa, ainda que em Paris se espere sempre mais e mais quando o assunto é pastelaria.

O serviço tem todo o profissionalismo da restauração francesa, sem as grandes etiquetas clássicas, permitindo um ambiente mais descontraído e  quase caseiro, uma vez que muitos dos clientes da sala eram visitantes regulares.

Considerações Finais
Em resumo, o Les Bouquinistes tem mais para nos oferecer do que apenas um selo com o nome de Guy Savoy, tem um caminho e uma identidade própria, com uma cozinha de grande qualidade, ingredientes bem trabalhados e a mão afinada de Stéphane Perraud. Aliando isto a uma decoração atrativa e um ambiente descontraído com vista sobre o Sena e uma das mais elegantes pontes da cidade, não pode deixar de ser uma boa opção, quer para quem se aventurar na carta como nós, ou para quem optar por um almoço mais em conta com uma das melhores relações entre custo e beneficio daquela região da cidade.

Les Bouquinistes
53, quai des Grands Augustins, PARIS
+33 (0)1 43 25 45 94
bouquinistes@guysavoy.com

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