The Lodge – Wine & Business Hotel

Inserido numa das zonas mais históricas da cidade do Porto, ou melhor dizendo, de Vila Nova de Gaia, está o intemporal The Lodge Wine & Bussiness Hotel.
Com o cunho exclusivo de Nini Andrade Silva, em cada recanto do hotel é bem visível a alma do Douro, assim como a assinatura da designer, as suas linhas curvas, tons e materiais.

A sua localização nas nobres e centenárias caves de vinho do Porto adiciona história ao seu encanto moderno com cada detalhe a ressoar com a cultura do vinho, prestando, assim, homenagem à identidade da região vinícola do Douro.

Primeira Impressão
Inaugurado em 2020, o The Lodge tem origem numas antigas caves do Vinho do Porto.
A autenticidade arquitectónica do edifício foi cuidadosamente preservada na sua estrutura, mantendo o espírito e alma do douro e da cidade.

Ao entrar no hotel, somos recebidos por um design contemporâneo e moderno que nos deixa uma impressão de arrojo, mas que é, simultaneamente, discreto. Tons terrosos da paisagem do Douro e os azuis do rio dominam o interior do hotel.

O The Lodge foi a nossa primeira escolha para uma escapadela após o nascimento da nossa filha, Maria Francisca, e a experiência não poderia ter sido melhor.

Como vivemos próximo ao hotel aproveitamos para passar o dia em sossego, que é como quem diz, a fera de 4 meses ficou com a avó, sob a premissa de a irmos buscar ao fim da tarde e trazê-la para o hotel para a sua primeira experiência fora de casa!
O hotel foi informado deste detalhe com antecedência e tinham tudo preparado para ela à nossa chegada.

Fomos recebidos por uma simpática equipa de receção que prontamente tratou do nosso check-in e nos encaminhou ao teste rápido Covid-19 (sim, no verão de 2021, o vírus ainda era uma preocupação). Com a ajuda dum sorridente membro da equipa que nos foi contando como as coisas estavam a voltar à normalidade na hotelaria, fizemos o teste e voltamos à receção para conhecer o carismático Niklas – Marketing & Sales Director – que nos contou e mostrou um pouca da história do The Lodge.

Quartos
O The Lodge dispõe de um total de 119 quartos distribuídos por 7 pisos, oferecendo uma variedade de tipos de quartos: Suite Signature, Suite, Suite Júnior, Quarto Superior, Quarto Deluxe e Quarto Terrace Deluxe.
Ficamos num Quarto Deluxe cujo design moderno e cores quentes transmitiam uma sensação de conforto e elegância.

As vistas privilegiadas sobre o rio Douro e a cidade do Porto acrescentaram charme à nossa estadia e fizeram as honras do momento.
No berço da Francisca encontramos um gesto de boas-vindas em forma de produtos da Occitane para bebé. À nossa espera estavam também doces, fruta e vinho – a forma correta de receber os hóspedes (ainda que estranhamente o vinho fosse do Dão)!

No The Lodge, nenhum detalhe é deixado ao acaso, o conforto da cama, a tapeçaria que reflete nos diversos espelhos e dá a sensação de brilho em cada recanto, a vista e a luz da cidade que premeiam cada centímetro do quarto, culminando no conforto do cadeirão que permite um bom momento de ócio.

Restaurantes
O hotel possui dois espaços distintos para refeições: o The Lodge Bar e o seu ex-libris, o restaurante Dona Maria. O The Lodge Bar destaca-se como um espaço central no hotel, exibindo luxo e sofisticação na decoração e uma extensa seleção de vinhos e bebidas espirituosas. Desde cocktails contemporâneos até clássicos, é a escolha ideal para uma noite relaxante. Aqui, pode também desfrutar de um completo e saboroso Afternoon Tea.

 Já o Dona Maria é um tributo às “Donas Marias”, as habilidosas cozinheiras que fizeram a história da gastronomia portuguesa!
O mote passa por resgatar as melhores receitas tradicionais do Porto e do Norte do país.

O Dona Maria apresenta um maravilhoso teto ornamentado por gigantes folhas de videira e uma sinuosa garrafeira que envolve todo o espaço. Mármore, veludo e madeira conjugam-se na perfeição, estendendo a área de refeições para um terraço convidativo com vistas magníficas sobre o Porto.


Aqui tivemos a oportunidade de jantar num ambiente calmo, perfeito para a curta idade da Fera que ainda aproveitou o tempo para uma sesta, de beleza e reparação para ela, de sossego para nós! Partilhamos bons croquetes, Xerém de amêijoas, e uma versão modernizada da canja, antes de um irrepreensível bacalhau com grau e uma chanfana desossada. Tudo correto, sem altos e baixos que perdurem na memória.

Junto à piscina do hotel, os hóspedes podem, também, desfrutar de várias bebidas e snacks ao longo do dia.

Serviços
Por falar em piscina – esta está inserida num espaço que se assemelha a um verdadeiro oásis no meio do bulício da cidade!
Com água aquecida, espreguiçadeiras confortáveis e sofás mais reservados, proporcionou o cenário perfeito para a nossa tarde enquanto saboreávamos um bom espumante português.

Junto à piscina há também um pequeno ginásio para quem, ao contrário de nós, gosta de manter os seus treinos durante as férias.

O hotel não possui, no entanto, um spa, mas para quem quiser usufruir dum momento de relaxamento, tem sempre a hipótese pedir um In-Room Spa, quer para serviços de massagem, de estética ou até mesmo de cabeleireiro.

Para quem é amante de vinho o The Lodge disponibiliza Provas e Experiências Vínicas acompanhado de petiscos tradicionais da gastronomia portuguesa.
O hotel possui até uma Academia de Vinhos liderada por uma equipa de Sommeliers, oferecendo assim diversos cursos de formação para iniciantes.


Uma das atividades mais agradáveis que podem ser  realizadas é um passeio magnífico de barco ou iate no Rio Douro, organizado pela equipa do hotel.

Além desta, há uma infindade de atividades fora do hotel mas devidamente organizadas pela equipa – como explorar a cidade ou até mesmo as regiões vínicas do país, visitar uma das Quintas parceiras do hotel e até ficar lá hospedado, e participar das vindimas se for época disso.

As deslumbrantes vistas sobre o Douro
Para quem viaja em trabalho o The Lodge é também um hotel a ter em conta, ou não fosse ele um Bussiness Hotel, dispondo por isso de várias salas com distintas capacidades que podem ser usadas quer para eventos corporativos quer para eventos sociais.

Pequeno-almoço no quarto

Atendimento
É sabido que os recursos humanos no setor do turismo e da gastronomia podem ser escassos, e as oportunidades de formação são limitadas ou sem o padrão que se gostaria.No entanto, a nossa experiência no The Lodge foi uma agradável surpresa.


Uma equipa jovem, dinâmica, atenta e extremamente simpática. A atenção e o cuidado constante com a Francisca conquistou-me completamente.

Uma estadia a repetir sempre que quisermos fugir do bulício da vida mas sem ir para muito longe!

Até breve The Lodge Wine & Bussiness Hotel!

The Lodge – Wine & Business Hotel
Quartos a partir de 175€ 
Rua de Serpa Pinto 60, 4400-307 Vila Nova de Gaia

English Version

Fotos: Flavors & Senses

 

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“Pedro Lemos há só um”

“Pedro Lemos há só um” poderia muito bem ser o título do texto que se segue, é verdade que o poderíamos dizer sobre muitos chefs de cozinha, mas nem tanto quando olhamos para o panorama nacional. Acompanho o trabalho de Pedro Lemos há muitos anos, muito por culpa da ousadia de ter dado o seu nome ao seu primeiro restaurante a solo, numa altura em que o fine dining era uma miragem na cidade do Porto. Pedro trouxe muito mais do que “Petiscos, vinhos e guloseimas”, conseguiu reunir toda a cidade – incluindo aquela que procurava uma restauração mais cosmopolita e trendy – à sua volta, das suas propostas arriscadas e dos seus sabores profundos.

Mudanças, lutas, altos e baixos e muita perseverança trouxeram a primeira estrela Michelin e, com ela, a estabilidade e a clientela internacional mais informada (pecou por demorada como é apanágio de nuestros hermanos), novas aventuras, novos restaurantes, empratamentos mais arrojados e até uma inovação recente na sua cozinha, os pequenos amuse bouche.

E foi com esses mesmos que depois de um pequeno compasso de espera começamos a refeição acompanhados de Murganheira Grande Reserva 2005, de notável elegância e notas de estágio complexas que o posicionam entre os bons espumantes nacionais.

 Os amuse bouche

Começamos então com bao de sapateira, blini de bacalhau, tartelete de pato fumado e nori e macaron de cogumelos e ovo de codorniz , todos eles esteticamente irrepreensíveis, mas com nenhum a revelar-se inesquecível, com pequenas falhas na composição fazendo com que alguns dos sabores ou texturas se perdessem.

Cavala, Alface e gengibre
Aqui o caso muda completamente de figura permitindo-nos entrar verdadeiramente em pleno na cozinha de Pedro Lemos, cada vez mais refinada e influenciada pela cozinha asiática – recordo bem um prato de atum e wasabi, onde tive provavelmente a primeira noção dessa influência – as notas frescas conjugadas com a gordura e riqueza do peixe azul fizeram deste um excelente primeiro momento.

Nota alta para o inesperado cocktail com que harmonizamos o prato à base de Porto branco, gin, mezcal e cordial de shiso que funcionou em pleno com o prato, e que servido um pouco mais gelado poderia estar em qualquer bar de palmarés internacional.

Foie gras de pato, marmelo e brioche
Este é o momento “podia comer isto durante toda a minha vida” dos menus de Pedro Lemos, um prato que o acompanha desde sempre, e que eu recordo em todas as suas versões desde o pequeno paralelepípedo com macaron, mel e pão de especiarias. Mudaram-se as formas e os acompanhamentos, apareceu o brioche acabado de cozer e nesta versão o marmelo em diferentes texturas para garantir que não falta repertório técnico. O que não muda é a mousse de foie caramelizada, repleta de sabor e de textura sedosa. Será certamente o melhor foie do país!

No copo esteve, e bem, um Barbeito Ribeiro Real Verdelho 1981, a companhia portuguesa perfeita para o foie, aqui num frasqueira de textura suave, onde os sabores de caramelo e limão e um leve fumado elevados pela deliciosa acidez se revelaram uma ótima companhia para o foie.

Enguia, kimchi, macadâmia e couves
Um prato que marca uma viragem visual e de conjugação de elementos, sabores e texturas face ao que Pedro Lemos já nos havia habituado. A enguia e o molho (delicioso) sobressaem numa grande conjugação de elementos, com notas de terra a conjugarem-se bem com sabores mais frescos e acidulados.

Gamba do Algarve, ouriço do mar e chawanmushi
Mais uma vez a cozinha francesa e japonesa ganham harmonia num prato arrebatador. Tudo irrepreensível com o chawanmushi sedoso, a gamba crua e as cabeças fritas, mas onde o destaque era, como habitualmente, o molho, minhas senhoras e meus senhores, que molho! Deviam existir frascos deste molho para trazermos para casa no final do jantar como recordação. O prato remeteu-me para um clássico de Arnaud lallement no seu Assiette Champenoise(***michelin), mas superou-o na profundidade de sabor.

A harmonizar – ou para beber – que fui eu que levei a garrafa, sem pensar ou saber o que iria comer, esteve um daqueles produtores que guardo no coração, Ramonet Saint Aubin Premier Cru “En Remilly” 2016 , o mestre de chassagne-montrachet que aqui mostra um chardonnay complexo, marcado pela boa madeira com as notas oxidativas que o caracterizam, mas ainda assim uma elegância que o permitiu flutuar bem sobre os pratos.

Tamboril, Abóbora e consomé
Mais um exemplo do novo lado estético, com mais elementos e mais detalhes técnicos e texturas, aqui com um tamboril brilhante, no seu ponto perfeito (poderia escrever um artigo sobre o sofrimento que é ver este peixe tão mal tratado nas nossas cozinhas) bem conjugado com os diferentes elementos, onde mais uma vez, o molho, ou neste caso o caldo, ganha destaque. Mais um grande prato!

Aqui arriscou-se  o vinho que trouxe para o prato seguinte, um Niepoort Charme de 2016 cuja fineza e taninos delicados permitiu um acompanhamento perfeito do peixe.

Vaca, grão de bico e molho do rancho
Olhando para a descrição do prato, dificilmente imaginaria a delicadeza e elegância que se seguiria, vaca em diferentes texturas, incluindo uma pasta próxima do tortellini, grão, emulsões e outros elementos, que resultam numa bomba de sabor que é difícil parar de comer. Uma espécie de mandamento de Pedro Lemos a dizer aos seus colegas que não é preciso wagyu nem lombo de vaca velha das montanhas para criar um prato de carne perfeito.

Ananás, moscatel e citronela
Para primeira sobremesa a frescura do ananás e da citronela casam com as notas doces, maduras e especiadas do moscatel. Um ótimo ponto de viragem no menu.

Chocolate, café e rum
Confesso que quando olhei para o menu, senti um certo saudosismo de uma possível versão 10.0 da “Banana, sagu e madeira” com que Pedro Lemos tantas vezes fechava o seu menu. Não sendo ele um apaixonado pela etapa doçeira, tivemos aqui dois exemplo de ótimo nível. Café na medida certa para potenciar o sabor do chocolate, aqui presente em diferentes e saborosas texturas. Simples e eficaz.

Finalizou-se a maridagem com Tawny Dow’s 40 anos, que não sendo a companhia mais óbvia para o chocolate, se posicionou muito bem ao lado das notas de café e rum, acrescentando-lhe as notas de frutos secos.

Realce ainda para o serviço, que apesar de um arranque lento, rapidamente se alinhou e seguiu a bom ritmo. É sempre difícil avaliar um serviço feito por pessoas novas num espaço com o qual temos algum histórico, correndo o risco de sermos injustos pela força do passado, mas aqui tudo correu com excelência e boa apresentação.Para finalizar sem grandes artifícios, uma madalena servia de petit four, mas não uma madalena qualquer, acabada de cozer, doce na medida certa e de barriga brilhante. Perfeita!

Menos positivo, apenas o pão, o elemento menos marcante e singular que marcou presença no menu e que num espaço com molhos como os que aqui se provaram merecia ser de qualidade superior à média.

Considerações Finais
Pedro Lemos apresenta o seu menu com a frase “Se eu sinto que não me adapto a este mundo, é porque nasci para criar o meu.” – poderíamos falar de ego e pretensiosismo, mas a verdade é que quem acompanha o seu trabalho (não vale a pena dizer que se acompanha sem se sentarem na sua mesa) sabe que Pedro Lemos raramente se expõe ou exibe o trabalho em redes sociais ou através de agências de comunicação. Para mim esse mundo que refere é um mundo contra corrente, mais clássico na sua génese gastronómica, mas simultaneamente uma lufada de ar fresco. Sim, pode parecer um paradoxo o que acabo de escrever, mas um menu com pratos que não consigo associar a outros “instagrams”, sem caviar, sem carabineiros nem wagyu (por mais que eu goste desses ingredientes) é sempre uma lufada de alegria que combate o tédio que muitas das vezes pode ser um menu de degustação.

Dizer que Pedro Lemos será por ventura o melhor saucier de Portugal, pode parecer redutor para muitos, mas para mim é motivo de prazer e orgulho num restaurante de onde saio sempre com a sensação que o visito poucas vezes, por isso sim, “Pedro Lemos há só um!”

Pedro Lemos
Preços a partir de 120€ (sem vinhos)
Rua do Padre Luís Cabral, 974 – Porto

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Fotos: Flavors & Senses

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Ventozelo Hotel & Quinta

Um dos últimos hotéis que experimentei antes da Francisca nascer, mas já grávida, foi o Ventozelo Hotel e Quinta.

Um autêntico refúgio em pleno Douro e com, provavelmente, uma das vistas mais idílicas sobre o rio.

Primeira impressão
O Ventozelo não é somente um Hotel, é mesmo uma Quinta que após uma cuidadosa transformação deu origem a um hotel de luxo mantendo bem presentes as tradições e histórias do douro e das suas gentes em cada recanto.

À chegada fomos recebido numa receção logo na entrada junto ao parque de estacionamento – O Douro já se fazia sentir à nossa volta e a natureza sobressaía sem pedir permissão!

Reparo apenas para quem atende a chamada ainda no parque de estacionamento e manda estacionar o carro em vez de abrir logo a cancela e mandar entrar, uma vez que após o check-in tivemos que voltar para trás para ir buscar o carro ao parque de estacionamento novamente! Não é grave, não fosse o estacionamento ser ainda um pouco distante e não estivessem 40ºC nesse dia!!!

Mas reparos à parte, fomos encaminhados ao nosso quarto enquanto observávamos o ambiente calmo à nossa volta.

Percebi imediatamente que o Ventozelo é o local perfeito para fugir do bulício habitual do dia a dia e desligar completamente. Cada recanto convida a momentos de pleno ócio!

Quartos
Contam-se 29, e distribuem-se pelos diferentes edifícios ao longo da Quinta. Cada um destes edifícios foi meticulosamente reabilitado, mantendo a traça original, mas ganhando uma nova vida com um toque de conforto envolvido numa decoração contemporânea.

Assim, distribuídos por casas ou por quartos individuais – temos a Casa do Feitor (5 quartos duplos mais um para hóspedes com mobilidade reduzida); Casa do Laranjal (5 quartos duplos); Balões (2 quartos independentes); Casa dos Cardanhos – onde ficamos – (7 quartos duplos superiores); Casa Romântica (casa com uma suite); Casa do Rio (casa com 2 quartos duplos) e Casa Grande (6 quartos duplos superiores).

Sendo que a Casa Grande tem piscina privada com uma vista privilegiada e é ideal quer para famílias quer para grupos de amigos.

Enquanto, por exemplo, a Casa Romântica é o recanto mais charmoso e ideal para uma escapadela a dois. Na realidade, acredito que todos os quartos tenham uma história para contar.

Ficamos na Casa dos Cardanhos, num dos elegantes quartos. A decoração é simples e minimalista com o conforto a ser palavra de ordem. Do quarto tem-se acesso a um jardim com uma das melhores vistas que se pode pedir – o Douro na sua plenitude.

Restaurantes
A Quinta possui uma espaço onde se fazem todas as refeições – a Cantina de Ventozelo que serve de restaurante (onde se servem todas as refeições ao longo do dia) e wine bar.

Este é o lugar onde, outrora, se serviam as refeições aos trabalhadores da Quinta. A Cantina de Ventozelo tem como mote dar vida à gastronomia local e às receitas tradicionais do Douro com assinatura do chef Miguel Castro Silva.

Os ingredientes são produzidos na própria quinta ou em produtores locais – assegurando, assim, a sustentabilidade e o impacto quase nulo a nível ecológico.

Aqui tivemos oportunidade de tomar o pequeno-almoço com a companhia dos hóspedes de quatro patas que circulam livremente pela quinta! Um pequeno-almoço simples e saboroso com pequenas falhas de timing mas que foram facilmente esquecidas com a visão do douro que se obtém do terraço da Cantina!

Apesar de gostar de pequeno-almoço à la Carte, por esta altura já sentia saudade de um bom Buffet pré-covid (felizmente já regressaram)! – Importante referir que estivemos na Quinta de Ventozelo em Julho de 2020, pelo que as medidas ainda estavam muito reforçadas pois estávamos no início da pandemia. E o Ventozelo respeitou-as na perfeição fazendo com que nos sentíssemos seguros durante toda a nossa estadia.

Também tivemos oportunidade de fazer uma prova de vinhos da Quinta e de jantar na Cantina, onde os sabores de conforto e tradição ganham um toque modesto de assinatura, onde o mais importante é não comprometer os produtos da região.

Outro local associado à gastronomia no Ventozelo é a sua pequena e amorosa mercearia.

Na Mercearia de Ventozelo podemos encontrar praticamente tudo o que provamos na Cantina ou que vamos observando na quinta. Desde vinhos, frutas, legumes, azeite e muito mais.

Serviços
Passear pela Quinta é por si só uma das melhores atividades que se pode realizar. O maravilhoso Jardim dos Aromas conquistou-me por completo e rapidamente se tornou no meu local favorito. Pena não se traduzir em palavras o aroma que se fazia sentir nesse local.

Podem começar por aqui e ir fazendo um passeio pelos jardins, visitar a pequena capela, o lagar e a adega.

A Quinta dispõe de 7 trilhos para conhecermos a fundo todos os recantos deste refúgio duriense, inclusive foi criada uma app à qual os hóspedes podem aceder no seu telemóvel de forma a serem orientados durante os seus percursos.

A Quinta tem também um Centro Interpretativo – que nos permite ficar a compreender melhor o Douro.

Situa-se num edifício do sec. XVIII onde somos convidados a interpretar o território duriense, partindo da Quinta de Ventozelo. Obviamente, e estando numa quinta no Douro, as Provas de Vinho são imperativas. Após a visita ao Centro Interpretativo nada como terminar provando o sabor de toda a história que acabou de se percorrer.

Outro dos serviços que o Ventozelo oferece é a Piscina infinita com o Douro e os seus socalcos como horizonte.

A piscina e a sua beleza e localização são inegáveis. Aquando da nossa estadia estávamos em plena pandemia pelo que as pessoas que se hospedavam nesta fase em hotéis pouco saíam deles, até porque, poucas seriam as atividades a funcionar em pleno fora do hotel nessa altura. Assim, basicamente todos os hóspedes estavam na piscina, algo que a quinta não previu. O número de espreguiçadeiras era mínimo, sendo que depois estavam espalhadas pelo jardim cadeiras que para relaxar um pouco enquanto se observa o Douro, não sendo de todo o cenário ideal.

Nota também menos positiva para o facto da zona da piscina não ter lá as toalhas, pelo que os hóspedes eram obrigados a ir à receção buscá-las caso a receção se tivesse esquecido de as entregar no momento do check in! Que foi o que nos aconteceu!

Ora bem, vejamos, a receção não era assim tão perto da piscina, estava um calor infernal, por isso a situação era de fácil resolução, o funcionário do bar da piscina contactava alguém da receção para ir à piscina levar a toalha, simples!!! Mas não aconteceu! Mas, eu compreendi, estávamos há pouco tempo em processo de pandemia, e os hotéis tinham retomado o seu trabalho, sendo que estava tudo ainda um pouco confuso.

No entanto, uma certeza paira no ar – Esta piscina tem provavelmente uma das localizações mais idílicas do mundo!

Mais espreguiçadeiras e toalhas – que acredito que agora já tenha sido resolvido – e a experiência teria sido perfeita!

Atendimento
Infelizmente esta é das maiores falhas a nível nacional, e que nas zonas mais rurais e interiores se vive ainda mais intensamente. Há falta de recursos humanos e também falta de formação profissional. O que é uma pena pois no Ventozelo a simpatia e os sorrisos estão sempre presentes.

Nota alta para o staff do restaurante que teve todos os cuidados e toda a preocupação com a minha alimentação devido à gravidez!

De salientar que a simpatia e o cuidado do staff foi constante, e se isto fosse aliado a mais pessoas com formação diferenciada teríamos equipas perfeitas, não só no Ventozelo mas também ao longo do toda a hotelaria no nosso país.


Agora prometo voltar em breve, já com a Francisca, para lhe mostrar os encantos do Douro e a beleza da Quinta de Ventozelo.

Ventozelo Hotel & Quinta 
Quartos a partir de 185€ 
Quinta de Ventozelo, Ervedosa do Douro, 5130-135 Portugal

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Fotos: Flavors & Senses

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Blind

Foi no antigo palácio da família Campos Navarro, construído em 1861, que depois de várias e distintas vidas se instalou o luxuoso Hotel Torel Palace Porto (ver) e com ele o restaurante Blind. Se o hotel presta homenagem à literatura portuguesa e aos seus autores, o restaurante, como o próprio nome deixa transparecer, remete-nos para José Saramago e a obra Ensaio Sobre a Cegueira.

O espírito inquieto e criativo por trás do projecto é Vítor Matos, o chef estrelado que aqui acumula mais um projecto de consultoria, mas onde acaba por pôr sempre a mão na massa (como aconteceu aliás na noite da nossa visita). Ao chef sempre reconhecemos uma veia artística muito forte, das pinturas à louça, famosa internacionalmente, feita em parceria com a Vista Alegre, passando pelos empratamentos sempre minuciosamente executados, mesmo antes das trends do instagram.

A proposta do Blind passa por nos levar numa viagem de sentidos, emoções, vivências e inspirações que fazem parte da vida do chef, da sua infância aos seus sonhos, passando também por chefs e detalhes criativos que em certo momento o terão marcado. Tudo isto é servido num espaço intimista, escuro e simultaneamente sedutor desenhado por Isabel Sá Nogueira – que peca apenas pela rosa pendurada sobre a mesa não ser verdadeira e não poder assim acompanhar os casais mais românticos no final da refeição como uma emotiva lembrança.

Mas deixemos a minha veia romântica e passemos ao que nos traz até aqui, a degustação do Menu Blind Emotions (o restaurante trabalha apenas com menu de degustação que poderá ser de 10 ou 12 momentos). Na mesa somos rapidamente brindados com um flute de Sidónio Sousa Bruto, engarrafado em exclusivo para os hotéis Torel, ao que se seguiram dois cocktails de assinatura da casa, Touch – vodka, limão, violeta e clara de ovo, e Sound – gin, meloa, ginger beer e clara de ovo. Amuse-bouches – tramezzino de salmão, corneto, patinhos de foie e espresso martini

Rapidamente somos convidados a arrancar a refeição com um delicioso tramezzino de salmão curado, numa versão miniatura de uma delicada sanduíche de salmão, ervas e ovas de salmão, um corneto mini que nos remete para o clássico corneto de morango de toda a vida, mas que aqui é preparado com queijo das Ilhas, tomate e massa fina e crocante, uns patinhos de borracha que aqui não serviam para brincar no banho mas sim para mergulhar na untuosidade e riqueza do foie gras, que aliás combinou muito bem com o último momento, um shot de espresso martini. À Flor da Pele –  Lírio, gaspacho, tomate, coentros, pepino e azeitona
Arrancamos logo com um prato com a assinatura do chef a ficar bem evidente do plating ao número de elementos. Lírio marinado e levemente selado, diferentes texturas de pepino, tomate, azeitonas explosivas e texturas de coentros. Um prato repleto de elegância e frescura ideal para o início da degustação.

Seguiu-se o momento “Olhos vendados”, onde somos convidados a comer de olhos vendados e a adivinhar os elementos que compunham o prato unicamente através do seu sabor. Gamba do Algarve crua (o elemento mais fácil), gel de citrinos e uma envolvente espuma quente de alho francês, contrastaram bem com riqueza do creme de gema (que não identifiquei) e o funcho.

Um momento que não é de todo o que procuro no fine dining aos dias de hoje, mas que percebo a sua utilização, mais ainda para quem estiver a ser introduzido ao conceito. A julgar pelos rostos de encanto na sala, sou eu que não estou certo!

No copo um Lacrau Moscatel Galego 2022, que apesar de seco demonstra bem as características doces e tropicais da casta. Pão e manteiga

A bom ritmo continuamos com o pão que cada vez mais ganha espaço a meio dos menus, desta feita com “À luz da vela” composto por uma excelente seleção de pães de massa mãe da padaria Bom Miolo na Póvoa de Varzim, servidos com uma vela de manteiga aromatizada com óleo de trufa.

As Folhas a CairRaviolis de Abóbora, Boletus, sementes de abóbora, avelã e bolota
Um prato de conforto com boas nuances técnicas e repleto de sabor e texturas que se revelou num dos melhores da noite. Sabores terrestres, doces, ricos e equilibrados que conquistavam a cada colherada.

A harmonizar esteve um Procura na ânfora 2018 da Susana Esteban, cuja boa acidez e mineralidade fizeram um bom contraste com o prato.

A MaresiaRobalo a vapor, bivalves, algas e consommé de plâncton e caldo de peixe 
Um daqueles momentos que representam um mergulho no mar, o habitat ou o oceano. E foi isso mesmo que recebemos no prato, uma bomba de mar, com percebes, lingueirão e berbigão que casados com o bom caldo de plâncton nos transmitem uma sensação a mar irrepreensível. Além disso somos convidados a entrar no espírito Fat Duck em 2007, quando colocamos uns phones nos ouvidos em que o único som emitido é o do mar. Uma imersão no sabor mas também na envolvência do mar que resultou num ótimo prato que a título pessoal preferia apenas o peixe num ponto ligeiramente abaixo (ainda assim melhor do que a maioria do que vamos encontrando por aí).

Para este prato guardaram o vinho da noite, um Bairrada de vinhas velhas, blend de Maria Gomes e Bical que Vítor Matos engarrafou com o seu selo, Natura Calcariu 2016 com 60 meses de estágio em fuder usado de Mosel. Um vinho feito na Niepoort e selecionado em bom momento pelo chef. Um grande branco que representa bem o potencial dos brancos portugueses quando trabalhados de forma distinta.

Horta Marítima – Carabineiro, cenoura, gengibre, funcho, erva-príncipe e caviar
Como em qualquer restaurante com as aspirações ao estrelado em Portugal não poderia faltar o carabineiro (não que me importe nada… mas até podiam começar a apostar no alistado que prefiro). A riqueza de sabor do carabineiro (com cocção irrepreensível) contrastou bem com a doçura da cenoura, a salinidade do caviar e a frescura do funcho e dos restantes elementos.  Muito bom!

Acompanhou um Reserva Branco Quinta da Vacaria de 2020. Um perfil “clássico” do Douro com as castas típicas da região, idêntico aos demais que o enólogo executa na região. Um vinho que não me enche as medidas mas que cumpriu a sua missão de harmonizar. Mas digamos que não é fácil servir um branco “típico” depois do vinho anterior.

Carne na cinza – Ribeye maturada, aipo assado, alho negro, pimento assado, couve de bruxelas, trufa e molho de carne
Numa degustação há sempre pratos que nos marcam menos, e aqui foi o caso deste ribeye – boa carne, bom puré de aipo assado e bom molho, servido em quantidade reduzida para podermos com ele ligar todos os elementos do prato. O facto de a trufa também já não exibir toda a sua pompa e fragrância também contribuiu para um menor interesse do prato.

Chegando a vez de um tinto, bebeu-se um Quinta da Vacaria tinto 2020, com um perfil idêntico ao seu irmão branco, complexo e extraído com a touriga nacional a sobressair acompanhada pela marca da madeira.

Da Estrela – Compota de abóbora, gelado de requeijão, nougat e merengue
O momento dos queijos ou da pré sobremesa mais leve e fresca foi substituído pela conjugação clássica de requeijão e doce de abóbora. Conforto, sabor e texturas bem conseguidas numa boa primeira sobremesa.

A minha  InfânciaAlgodão doce, caramelos, macaron
O Qr code leva-nos à história do chef e da sobremesa que chega à mesa ao ritmo do chocalho, tão característico das vacas leiteiras dos campos transalpinos. Uma conjugação de doces e memórias com que faço facilmente reminiscência – a minha infância numa aldeia transmontana resultou muitas vezes na espera pelos doces com que os tios emigrantes nos presenteavam. Quanto à sobremesa onde os sabores mais doces e os elementos soltos repousavam sobre mousse de baunilha, mascarpone  e notas de fruta tropical. Muitos elementos com bastantes e distintas notas doces que preferi em separado que no conjunto geral.

I Have a Dream – Trufa de matcha, tartelete de yuzu e financier de wasabi
Com os petit fours o chef diz-nos que sonha fazer uma viagem pelo Japão (sonho que partilhamos, já agora!), uma boa trufa de matcha servida no bonsai, uma delicada e fresca tartelete de yuzu e um diferenciador financier de wasabi (neste caso da pasta e não da raíz). Simples, bom e eficaz!

A acompanhar as sobremesas esteve um Tawny Quinta da Vacaria 20 Anos, bastante mais interessante que os seus congéneres de mesa a fazer jus à história da Quinta. As suas notas de caramelo, café, especiarias e frutos secos funcionaram em plenitude com os doces servidos.

Nota positiva para o serviço, totalmente no feminino, executado com técnica e precisão aliada a uma certa descontração na conversa que é o ideal para um espaço em que se pretende que haja tanta interação entre sala e comensal. A chef de sala multiplica-se e bem entre várias funções pelo que um/a sommelier bem preparado/a seria a cereja necessária no topo do bolo.

A zona exterior do Blind

Considerações Finais
Há muito que acompanho o trabalho de Vítor Matos, se em tempos lhe reconhecia mais valor técnico do que sabor, isso mudou há vários anos com um prato de pombo que serviu no Antiqvvm, mais limpo de elementos adjacentes, com uma cocção perfeita e um sabor a roçar a perfeição. Nos dias de hoje é fácil provar a sua cozinha (são várias as consultorias que assina, do fine dining à gastronomia mais popular) mas nem tanto o que sai das suas mãos. Pelo que é sempre prazeroso revê-lo de jaleca a apresentar as suas criações. Quanto ao Blind é nítida a sua pretensão à tão almejada estrela – se conhecessemos uma checklist sobre “o que fazer” ou “o que não fazer” certamente teria um grande número de vistos assinalados no momento da avaliação, mas não diria que será já o seu momento. Um restaurante sem grandes altos e baixos, sem erros de maior  e que parece perfeito para quem procura introduzir-se no mundo do fine dining, com momentos divertidos de interação e desafio que ajudam a “quebrar o gelo” que muitas vezes se sente neste tipo de restaurante. O menu de degustação de 10 ou 12 momentos varia entre 50 criações do chef, mediante a sazonalidade dos produtos pelo que prometemos acompanhar outras viagens.

Para terminar só mais uma nota sobre o Natura calcariu 2016, é mesmo um grande branco português, pelo que se tiverem a sorte de se cruzarem com ele não deixem de o provar. Serão muito felizes!

Blind – Torel Palace Porto
Preços a partir de 100€ (sem vinhos)
Rua de Entreparedes 42 – Porto

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Fotos: Flavors & Senses

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Torel Palace Porto

Quando um palácio barroco do século XIX se transforma num luxuoso boutique hotel sabemos que a experiência vai ser memorável. O Torel Palace Porto é um daqueles refúgios que nos faz viajar no tempo e nos envolve numa atmosfera irreal.

Primeira impressão
Clássico inigualável ao estilo palaciano, mas acolhedor o suficiente. Uma entrada imponente, uns funcionários sorridentes e uma receção onde livros descem do teto como estrelas!

O Torel Palace Porto criou a sua essência na homenagem aos mais icónicos escritores e poetas portugueses, por isso em cada recanto do hotel se identifica o seu tema: a literatura!

A biblioteca do Hotel

Quartos
O hotel possui 24 quartos, sendo 11 quartos e 13 suítes. Alguns com varanda, uns com vista para a piscina outros para a cidade. Mas todos partilham uma característica em comum: a atmosfera literária mesclada com elegância, classe, e até, um toque de sensualidade. Sim, leram bem! E sim, um quarto pode ser sexy!

Talvez tenha contribuído o facto de termos ficado na Suite Superior Bocage, onde fomos recebidos com a frase  “Os amantes são assim, todos fogem à razão.”

Um quarto clássico, de teto alto, paredes cheias de história, intocável pelo tempo mas reinventado com um toque contemporâneo. Uma instalação espelhada foi implantada no seu centro, fazendo com que de todos os cantos do quarto fossemos invadidos pela nossa própria imagem – mas trata-se, nada mais, nada menos, que a casa de banho, criada desta forma para não alterar a estrutura secular do local.

A arte através da literatura é claramente o mote do Torel Palace, e que mestria demonstraram ao criar esta atmosfera! A cama é extremamente confortável, com chá e café disponíveis durante toda a estadia. Cada recanto deste quarto era arte, como podem ver nas fotografias.

Blind

Restaurantes
Um dos ex libris do Torel é o seu restaurante, o Blind, com assinatura do premiado chef Vítor Matos, cujo lema antecipa a experiência: “O chef apura a comida, enquanto o cliente refina os sentidos”. Aberto desde 2020, o Blind define-se como um tributo à obra de José Saramago, “Ensaio Sobre a Cegueira”, onde todos os sentidos são postas à prova! Sala elegante, que também serve de Bar, e de apoio à piscina, é aqui que o menu Blind Emotions chega até nós.

É também aqui que é servido o pequeno-almoço, aqui, nota menos positiva, pouca variedade e ausência de alguns elementos importantes que são essenciais num hotel do nível a que associamos o Torel Palace Porto.

Sobre a nossa experiência ao jantar no Blind o João fala-vos noutro artigo.

Já após a nossa estadia o Torel Palace lançou a Florbela Pâtisserie na sua pequena biblioteca, que pretende trazer um pouco de Paris para o Porto. Como não poderia deixar de ser, a inspiração continua a ser a literatura, e então, esta Pâtisserie é uma homenagem à vida e obra da poetisa Florbela EspancaO pequeno almoço é também ele servido no Blind

Aqui poderão desfrutar de uma seleção de doces produzidos pela chef pasteleira Eva Monteiro a partir das mais refinadas técnicas de pastelaria francesa, enquanto folheiam um dos vários livros espalhados pelas estantes deste belíssimo recanto do hotel.

Serviços
O Torel Palace oferece os serviços habituais de um hotel 5 estrelas, incluindo serviço de transfer de ida e volta para o aeroporto (mediante marcação), babysiting, bellboys, concierge, serviço de lavandaria e room service disponível 24 horas, além de estacionamento ao lado do hotel.

O tecto mágico do piso superior do hotel

Apesar de não ter spa, o Torel oferece o Calla Wellness Suite que nos proporciona serviços personalizados de relaxamento, estética e bem-estar.

A piscina é um dos muitos recantos de pleno descanso que o hotel propõe. Por ela, sobe uma parede repleta de natureza e que transforma esta piscina num autêntico refúgio do bulício diário.

O Torel Palace tem magia, tem arte, tem literatura, tem história, tem passado e presente e, seguramente, terá um futuro risonho. É um hotel elegante, de toque palaciano sem ser prepotente ou arrogante, e os espelhos que se encontram em cada recanto conferem-lhe uma sensualidade desmedida.

Quero voltar, quero muito voltar!

Torel Palace Porto
Quartos a partir de 280€ 
Rua de Entreparedes 42 – Porto

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Fotos: Flavors & Senses

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Essencial

Essencial é nome e aparentemente conceito deste pequeno restaurante no nº 176 da Rua da Rosa no Bairro Alto. De decoração minimalista, ou se quisermos manter o chavão, reduzida ao essencial – onde as madeiras claras e os tons neutros dão um toque nórdico.

Mas façamos um pequeno briefing antes de nos sentarmos à mesa: André Lança Cordeiro é o artesão deste projecto, um cozinheiro que passou por França antes de se instalar num palácio em Lisboa e de dar a conhecer o seu nome num pequeno projecto denominado “Local”. Aqui, por conta própria, André decidiu reduzir a sua cozinha ao adjetivo que dá nome ao restaurante – boa cozinha e bons produtos.

Uma redução que não é feita de minimalismo ou modernismo mas sim por trazer para Lisboa o melhor da cozinha francesa, apostando no produto, com técnica e sabor apurado. Uma cozinha à qual muitos declararam sentença de morte, mas que aos poucos vai ganhando apoio e reconhecimento por parte de quem valoriza o trabalho artesanal de cada prato.

pão de massa mãe, manteiga e gordura de porco batida com alecrim

Neste teatro francês aberto aos comensais estão ao lado de André, e entre outros, Leonor Sobrinho (também conhecida por ser o seu braço direito e esquerdo) e Daniel Silva, que de apaixonado gastrónomo passou a chef de sala e sommelier.

Mas, passemos à mesa onde somos recebidos com pão bem quente, manteiga e uma menos provável gordura de porco batida com alecrim, tudo muito bem escoado com um Briords Vieilles Vignes Sur Lies 2020 de Muscadet, que demonstra que a carta de vinhos é tudo menos comercial ou aborrecida.

Ouriço do Mar, lima caviar e tártaro de carabineiro
Para começar a degustação um mergulho no mar, podia ser uma homenagem ao ouriço de Rafa Zafra no Estimar, mas a escolha de carabineiro, a acidez da lima caviar e o molho irrepreensível leva o prato para outro patamar e, claro, com um sotaque bem mais francês. Por mim podiam ter vindo 4 ou 5.

Foie gras, marmelo e brioche folhado
Falar em cozinha francesa não seria possível sem falar em foie gras, aqui servido num delicado e bem conseguido torchon mi cuit, que é como quem diz, que o dito fígado foi marinado e cozido levemente até atingir um ponto que o torna perfeito para barrar. Ao seu lado, marmelos bem trabalhados (não servem só para marmelada, como infelizmente é apanágio da nossa cozinha mais tradicional) e um brioche folhado que apesar do bom sabor, requer ainda mais apuro técnico.

Pâté en croûte de pato e laranja, foie gras, pistácio, cenoura e pera
Pâté en croûte é sinónimo do savoir vivre francês, raro de encontrar em Portugal, e mais, ainda bem feito! Tem sido ao longo dos últimos anos um dos grandes focos do trabalho de André Lança Cordeiro e um dos pratos que lhe deu fama durante a pandemia em regime de take away. Recheio exímio, repleto de sabor, frescura e doçura q.b., bem acompanhado pelo puré de cenoura, o confit de pera e os pickles. A gosto pessoal apenas as laterais da massa mereciam um pouco mais de cozedura para um melhor contraste entre massa e recheio.

No copo, estes dois ícones da cozinha fizeram-se acompanhar pelo Domaine de Bellivière Vieilles Eparses de Eric Nicolas no Loir. Um 100% Chenin cuja mineralidade e as notas cítricas conjugadas com algum mel fizeram uma boa harmonização com os pratos.

 Linguado, agrião, aipo, trufa, topinambour assado e molho de champagne e ovas de arenque
Continuamos numa cozinha clássica mas tão atual como qualquer outra, com a excepção de dar um pouco mais de trabalho do que por o peixe no sous vide à temperatura certa! Peixe no ponto, com todos os elementos a casarem lindamente na boca, com notas de frescura e terra a ligarem muito bem com a salinidade do molho. Houvesse caviar e podíamos estar em qualquer dos estrelados de Paris (o preço é que seria outro…).

Como não há cozinha francesa sem champagne bebeu-se Domaine Piollot Come das Tallants, um brut nature 100% pinot noir, que tendo servido bem o seu propósito seria ainda melhor no final com um prato de queijos, dado o seu aroma e robustez.

 Pithivier de Lombo, foie gras, puré de aipo caramelizado e alho negro, mille-feuille de batata crocante
Outro dos selos da cozinha de André Lança Cordeiro tem sido o seu trabalho com a massa folhada salgada, inspirado por mestres como Bruno Verjus, Yohan Lastre ou Karen Torosyan, muitas têm sido as suas propostas e recheios. Aqui, provou-se um complexo bife do lombo com farce, foie, legumes, couve, tudo cozinhado no ponto com máxima precisão – deve ser um alívio tremendo o momento de colocar a faca na massa e perceber que tudo bateu certo. A acompanhar o pithivier tudo ao mais alto nível, do jus ao puré e, claro, a abençoada trufa negra que o André aprecia tanto quanto eu.

A harmonizar esteve um menos irreverente Quinta do Monte d’oiro Reserva 2013, um syrah com apontamento de viognier, repleto de fruta madura mas sem ser chata com as notas de pimenta da darem-lhe alguma graça. Na boca denotava taninos polidos e a madeira muito bem integrada. Não era algo que esperava encontrar depois dos restantes vinhos, mas não comprometeu!

Soufllé de Avelã e trufa
Quem acompanha o trabalho do André nas redes sociais muito provavelmente chegou até ele pelas fotos pecaminosas de pastelaria francesa que vai ensaiando. Soufllé é sempre um exercício complexo ao qual a maioria dos pasteleiros foge, mas em boa hora o André não o fez – delicado, rico e saboroso e elevado ao último nível de epicurismo com a trufa fresca raspada no momento. O meu Inverno podia ser cheio disto…

Mille-feuille de baunilha, caramelo salgado
Considerado por todos que o provam como o melhor de Lisboa, desde que o vi online pela primeira vez que despertou em mim uma grande curiosidade, primeiro por ter efetivamente um aspecto de rara perfeição e segundo porque me lembrava um dos melhores mille-feuille que já tive oportunidade de provar, o do Relais Louis XII do chef Manuel Martinez à época com duas estrelas Michelin em Paris, qual o espanto quando um dia percebo numa entrevista que o André passou pela pastelaria do restaurante durante a sua passagem pela capital parisiense. Quanto à sobremesa não há muitos adjectivos a acrescentar, todos a deviam provar.

Para terminar uma já longa refeição e acompanhar em boa forma os doces, a escolha do Daniel Silva foi para um dos meus produtores favoritos de Jerez, um Cream Tradicion 20 anos da Bodegas Tradicion. Este vinho é o resultado da combinação de Pedro Ximénez com incrível Oloroso de Palomino Fino, que se torna num vinho muito particular do qual é difícil não gostar.

Sobre o serviço não há nada a dizer, é como estar em casa dos cozinheiros com um amigo que percebe de vinhos a servir-nos o copo. Mais uma vez o essencial, portanto!

Considerações Finais
De look nórdico e matriz francesa, o essencial é uma lufada de ar fresco – pode parecer estranho eu sei! Como é que um restaurante de cozinha clássica francesa pode ser algo refrescante e inovativo, perguntam vocês? Mas a resposta é simples, perguntem-se quantos de vocês, numa era de inovações, minimalismos e criações, muitas das vezes completamente desenquadradas, já tinham provado um pithivier na sua melhor expressão? um pâté en croûte? uma poulard en vessie, ou até mesmo um paris-brest?

Pegar em clássicos que moldaram a história da cozinha, reduzi-los ao foco do sabor e maneja-los com um rigor técnico invejável é algo difícil de encontrar e apenas acessível a quem está disposto a sofrer muitas horas na cozinha, isso e a quem se pode dar ao luxo (fica sempre a dúvida se será luxo ou ego controlado) de falhar, falhar outra vez, e repetir. Numa era moldada por influências estéticas e de empratamentos, André Lança Cordeiro deixou-se influenciar pela complexidade e a forma de fazer e isso é o que torna a sua cozinha tão refrescante. Se a cozinha também tem erros? tem! Mas a perseverança que se vive nesta cozinha indica-nos que são erros passageiros de quem vive mais como artesão do que como chef. Em resumo, tudo aqui se resume ao essencial – boa comida, e essa é a única opção do menu!

Essencial
Preços a partir de 50€ – (sem vinhos)
Rua da Rosa – 176, 1200-390 Lisboa
+351 211 573 713

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Fotos: Flavors & Senses

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Ofício

Um corrupio na busca por um bom restaurante, próximo do hotel onde nos encontrávamos e aberto às 15h, acabou, felizmente, e, após uma recomendação da Inês Matos Andrade, no Ofício. Um tasco atípico como gostam de se caracterizar, mas que nada tem de tasco, nem na comida, nem no ambiente ou serviço.

Em 2021 o espaço foi completamente renovado, mantendo as abóbadas que tanto caracterizam o chiado – aliás, é uma boa homenagem à história que ali se escreveu, ou não estivessem instalados num antigo e histórico Convento. Ganhou novas formas, cores, grafismo e, claro, uma nova carta, agora assinada por Hugo Candeias.

Basta olharmos para as redes sociais do Ofício para percebemos que reflete bem uma nova geração gastronómica, dos cozinheiros, aos empresários e, claro, aos clientes que pretende atrair e tratar como fieis, como qualquer bom tasco português.

Hugo Candeias não aparece por acaso, liderava também o projecto de fine dining The Art Gate – entretanto encerrado –  vindo de uma movida Barcelona onde trabalhara ao lado de Albert Adrià nos seus restaurantes mexicanos. Uma experiência bem visível na construção do menu deste Ofício, as cores, as técnicas, os elementos… sempre com um lado cool, onde bons produtos são trabalhados com precisão mas sem que nada pretenda ser levado demasiado a sério, nada, excepto o sabor!

Uma mesa corrida para trazer a memória das mesas comuns das tascas

Numa reserva tardia que se pretendia rápida partilhamos uma série de petiscos sem entrar nos elementos mais complexos da carta. Começamos com boas ostras ao natural da Neptun Pearl de Setúbal e um espumante Blanc de Noirs da Ribeiro Santo.

Ostras Neptun Pearl

Mexilhões da Costa em escabeche
Ao primeiro petisco sabemos que estamos no sítio certo, mexilhões irrepreensíveis, bem limpos, tratados no ponto e com leve e delicado escabeche bem refrescado pela zeste de limão. Deliciosos com o ótimo pão de massa mãe da Isco. Faltava apenas umas chips da Bonilla à la vista para me transportar até próximo do nirvana de nuestros hermanos.

Tártaro de novilho, tutano e brioche tostado com azeite
Tinha o olho neste tártaro desde a sua primeira aparição nas redes sociais! Cortado à faca grosseiramente, a deixar transparecer os veios de gordura da carne, sem excesso de temperos, onde o pickle de sementes de mostarda ganha destaque, e claro, o tutano, que lhe traz untuosidade e uma profundidade de sabor difícil de igualar. Certamente um dos melhores exemplares da capital. Nota positiva também para o brioche tostado, embora o excesso de azeite verde mascarasse um pouco do seu sabor.

Moelas “Atípicas Portuguesas”
As típicas moelas estufadas que tanto nos caracterizam ganham aqui o toque refinado da alta cozinha. Ponto exemplar de cocção, e dois molhos distintos que se combinam para dar riqueza e sabor à miudeza. Bom contraste dado pela zeste de lima, que na medida certa refrescou e elevou todo o conjunto.

Aba estufada, pão brioche
Num tasco que se preze há que deixar os talheres de lado e sujar as mãos, pelo que é essa gula tasqueira que esta sandes tão bem representa – carne suculenta e a desfazer, molho e alface fresca e crocante. Rica, untuosa e com um je ne sais quoi de badalhoca refinada que é sempre o que se pretende. Tarde de queijo
Para finalizar, uma tarte de queijo basca, ou como aqui lhe chamam – tarte de queijo do chef Hugo Candeias – uma versão da clássica tarte imortalizada pelo La Viña e cuja moda e loucura se expandiu por toda a Espanha. Um desses ávidos consumidores de tarte de queijo sou eu próprio, e com uma boa dose de calorias ingeridas posso afirmar que rivaliza com as melhores do país vizinho. Em Madrid ou Barcelona o Ofício teria fila à porta só para poderem comprar esta tarte.

Foi a pensar nisso que o chef e o grupo Paradigma (detentor do restaurante) se preparam para abrir a Dona by Hugo Candeias, um espaço totalmente dedicado a este pedaço de céu.

A meio da tarde estávamos já sozinhos no espaço e com direito a serviço com explicação do chef incluída pelo que não há nada a apontar se não a fluidez e descontração de tempos e serviço (especialmente quando nos fazemos acompanhar de uma pequena bebé). Na carta de vinhos senti que havia margem de a casar melhor com o espaço, com propostas menos clássicas mas que não tivesse necessariamente de cair em exclusivo na trend natural, dito isto, hoje verifico que essas alterações aconteceram e que a carta é hoje bastante mais interessante.

Considerações Finais
Compreendo facilmente quem fez do Ofício uma segunda casa e que os seus clientes, foodies ou não, não parem de o recomendar. Espaço bem conseguido, boa música, pratos diferenciados no produto e na técnica com preços justos (uma raridade no Portugal cosmopolita). A dinâmica de tascos, petiscos e fazê-lo de forma moderna sem descuidar o conforto e respeitando o receituário é um equilíbrio difícil de se conseguir e pelo qual este Ofício está mais do que de parabéns.

Agora resta-nos voltar para provar pratos mais substanciais que há meses que ando de olho no arroz de forno e na raia com molho de ervas, isso e mais uma desculpa para trazer mais uma tarte de queijo inteira para o Porto.

Ofício
Preços a partir de 30€ – (sem vinhos)
Rua Nova da Trindade, 11k – 1200-301 Lisboa
+351 910 456 440

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Fotos: Flavors & Senses

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Memmo Príncipe Real

Hoje, permitam-me apresentar-vos o Memmo Príncipe Real, um refúgio de sonhos e experiências, onde a história se mistura com a modernidade, e o luxo dança a um ritmo aconchegante.

Nas alturas de Lisboa, o Memmo Príncipe Real repousa escondido, moderno e majestoso, contemplando a cidade com olhos enamorados. O seu terraço, um mirante de maravilhas, envolve-nos numa sensação de suspensão, onde, no topo da colina, testemunhamos um espetáculo deslumbrante sobre a baixa pombalina.

Desde a sua abertura, no final de 2016, este hotel tem encantado quem por lá passa com a sua atmosfera cosmopolita, enraizada na herança histórica, e uma fusão perfeita entre autenticidade e atemporalidade. O Memmo é um testemunho vivo de uma realeza passada, que se entrelaça com a energia vibrante de uma nova e agitada Lisboa.

Primeira Impressão
Depois de uma passagem inesperada e quase secreta, somos recebidos num lobby simples e elegante, longe do reboliço e do frenesim dos grandes hotéis. O sorriso caloroso da equipa que recebe enquanto um tentador chá de menta faz as honras do momento e nos ajuda a embalar uma pequena fera num momento de agitação!

Dum lado o Lounge que se funde com o restaurante, do outro, o terraço com a piscina e um horizonte único, que fazia antever os incríveis sunsets cujas memórias prevaleciam no tempo. E a vista panorâmica sobre Lisboa… provavelmente uma das melhores e mais idílicas vistas de toda a cidade.

O Memmo é um hotel relativamente pequeno, com uma atmosfera íntima, cosy, e sofisticada ao mesmo tempo.

Quartos
O Memmo é um abrigo de intimidade, um refúgio acolhedor e sofisticado ao mesmo tempo que dá ênfase ao título de Boutique Hotel. Os seus quartos, 41 no total, são um convite à tranquilidade. No nosso Superior City View Room, no quarto andar, o mais alto do hotel, fomos presenteados com uma vista panorâmica de toda a cidade. Os generosos 26m² foram adornados por uma decoração contemporânea, pontuada por detalhes luxuosos que marcavam a diferença.

Uma televisão Bang & Olufsen, uma Mini-Station Marshall, uma cama extraordinariamente confortável com lençóis de algodão egípcio, produtos de higiene Hermès, um serviço de cocktail de boas-vindas, onde tínhamos o prazer de preparar nosso próprio Porto Tónico, assim como diferentes chás e café à nossa disposição.

Mas um detalhe fascinante completava o quarto, um acessório singular – um chapéu no estilo da obra The Son of Man – que mudava de lugar sempre que o staff nos queria alegrar com uma mensagem, tornando a estadia e o nosso dia ainda mais especial.

Restaurantes
O hotel conta com o Café Príncipe Real, situado atrás da recepção, de frente para o terraço e a piscina. Um espaço elegante com o conforto necessário para acompanhar todas as refeições do dia e no final se transformar num fantástico rooftop sobre Lisboa. Este local de encontros, tanto para hóspedes como para visitantes, apresentava uma cozinha tradicional portuguesa, com toques mediterrâneos e internacionais, que pretendem levar-nos numa viagem sensorial inesquecível.

Serviços
Além dos serviços habituais de qualquer hotel de luxo, o Memmo Príncipe Real oferece um espaço especial para eventos. O Armazém M – Memmo Meeting Space, um antigo armazém recuperado, pode acomodar até 50 convidados, proporcionando uma vista privilegiada de Lisboa.

No entanto, o ex-libris do hotel talvez resida no seu terraço (já tão mencionado por aqui), um autêntico mirante onde os contrastes tão característicos de Lisboa se fundem aos nossos pés. Beber um cocktail, apreciar o por do sol e mergulhar numa atmosfera cosmopolita, embalada por boa música, é uma das melhores sensações que podemos vivenciar.

É nesse espaço que encontramos também a piscina, um convite aos momentos de descanso e deleite ainda que com um pouco menos de privacidade do que o desejado.

A equipa do hotel é simpática e atenciosa, trabalhando com maestria para que cada instante seja uma experiência memorável, sem deixar sua presença ser imposta, exatamente como se espera de um hotel de luxo.

O Memmo Príncipe Real é daqueles lugares aos quais ansiamos retornar, seja porque o luxo e o conforto se fundem com excelência, seja porque vivemos a contemporaneidade numa das regiões mais históricas de Lisboa.

Memmo Príncipe Real
Quartos a partir de 290€
Rua D. Pedro V, 56J – Lisboa

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Fotos: Flavors & Senses

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Ministry of Crab

Quem já visitou Singapura e tem o mínimo interesse por gastronomia já ouviu falar no seu famoso Chilli Crab, um prato sumptuoso de sabores picantes e doces que quando preparado com produtos de exceção nos leva facilmente ao Olimpo marisqueiro. A receita é originária da Malásia e tomou Singapura por assalto nos anos 60, graças à sua forte comunidade malaia, o que a maioria das pessoas não sabe é que a maioria desses magníficos caranguejos da lama chegam à cidade-estado a partir do Sri Lanka.

E se é verdade que no passado o caranguejo da lama era um elemento comum da culinária do país, a demanda de caranguejos para exportação, onde chegam a custar centenas de dólares, fez com que este delicioso crustáceo praticamente desaparecesse das casas e dos restaurantes cingaleses.

O placard onde conseguimos ver os tamanhos de caranguejos disponíveis no dia

Essa foi a premissa para a criação do Ministry of Crab quando o chef Dharshan Munidasa, durante as gravações de um dos seus programas de Tv, ganha total consciência que um dos produtos mais nobres do seu país era mais valorizado fora do que dentro de portas. A Dharshan juntaram-se duas lendas do críquete nacional e em 2011 nasce o “ministério”, instalado no histórico Dutch Hospital de Colombo, e com o intuito bem registado de servir o melhor que o país tem para oferecer, sejam os caranguejos, os camarões-gigantes-da-malásia ou as maravilhosas especiarias. Aqui não entram mariscos congelados (não existem sequer congeladores), o calibre mínimo é o 1/2kg para assegurar a continuidade da espécie; e o que os seus fornecedores tiverem de melhor é o que chega diariamente ao restaurante.


A decoração mantêm o respeito pela traça da histórica edificação holandesa, com a madeira e os tecidos laranja a ocuparem grande parte do restaurante, o destaque, obviamente, vai para os Caranguejos e Camarões expostos junto à cozinha aberta.

Um “pequeno” exemplar que acabou na mesa

Keep Calm and Crab On é o moto e foi isso que seguimos à mesa, começamos com bom pão e manteiga e uma refrescante resposta de Dharshan aos refrigerantes repletos de acúcar, Iced Tea Soda, feito com lima chá de pêssego e soda.

Ostras locais – soja envelhecida, molho picante e lima
Um bom início com ostras criadas no Sri Lanka, servidas bem geladas com um pouco de picante, uma ótima soja envelhecida, fruto das origens nipónicas do chef e lima para refrescar o conjunto.

Pâté de Caranguejo – tostas melba e xarope de acúcar de palma
Este momento foi um verdadeiro estalo, uma bomba de umami que devia servir de lição a todos os “recheios de sapateira” repletos de maionese que vamos encontrado pelo nosso país. O interior do caranguejo, lentamente cozinhado, reduzido e triturado com bom tempero. Delicioso sobre as tostas e o pão Kade, um pão de forma muito comum no Sri Lanka.

Camarão Gigante da Malásia – Molho Chili Garlic
Grande, com a cabeça repleta de sabor e corpo cozinhado no ponto certo, casou na perfeição com o molho de azeite, alho e chili. Picante q.b., era impossível não lamber os dedos a cada momento.

Caranguejo – molho de pimenta preta
Já tinha comido bons exemplares em Singapura, mas este caranguejo levou tudo a outra dimensão. Doce, Suculento, untuoso, especiado e rico, são alguns dos adjectivos que podemos por na mesa na hora de apreciar um destes exemplares. Podemos facilmente olhar para este caranguejo e o trabalho de Daqqarshan como olhamos para o Elkano e o seu Rodovalho. Único e imperdível a quem visita o país!

Crème Brûlée de Coco
Para terminar uma festa que já ia longa, não podia deixar de haver uma sobremesa feita com coco ou não fosse este utilizado para tudo no Sri Lanka, aqui o coco viajou até França para se combinar com delicado brûlée que se revelou delicado, cremoso e equilibrado na doçura. Um final feliz!

O serviço decorreu de forma descontraída, informal mas conhecedor do produto e das técnicas de sala.

Considerações Finais
O trabalho de Dharshan na preservação, recuperação e homenagem a um produto tão nobre do seu país é singular e revela bem a sua costela japonesa onde a perseverança e a resiliência são mais comuns entre os cozinheiros. O produto que chega à mesa é de rara beleza e qualidade e a cozinha sabe respeitá-lo com precisão nipónica. O Ministry of Crab é de facto um daqueles restaurantes que fazem valer o desvio e o destino, enquanto nos ficam na memória por muito e muito tempo. Se voltava? Voltarei com certeza e este caranguejo é um dos mais fortes motivos para regressar a este país encantador.

Ser um embaixador de uma cozinha e uma cultura é isto!

Ministry of Crab
Preços a partir de 80€ – (sem vinhos)
Old Dutch Hospital Complex, 04 Hospital St, Colombo – Sri Lanka
+94 77 0024823

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Photos: Flavors & Senses

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SRI LANKA – A cidade fortificada de Galle e a cidade fundada pelos Portugueses – Parte III


Depois de alguns dias na selva a viver em pleno e a tentar desesperadamente ver leopardos, foi tempo de rumar a Galle!

A cidade de Galle e as suas fortificações são a prova mais viva da ocupação holandesa. O Forte, construído em 1663, detém, ainda hoje, a imponência de outros tempos. As sólidas muralhas ao longo de Galle fazem-nos viajar no tempo. A parte mais antiga da cidade está rodeada pelas muralhas onde nos podemos perder e descobrir casas tipicamente holandesas, lojinhas, cafés e restaurantes e vários museus e igrejas.

Passeiem sem pressas, disfrutem deste pedaço de história e arquitetura!

Depois dum belíssimo dia em Galle fomos em direção aos únicos dias de descanso total no novo Cinnamon Bentota Beach. Um pequeno paraíso mesmo em cima da praia de Bentota, conhecida como uma das praias mais bonitas do país. Este hotel estava acabado de abrir, sendo que algumas das obras ainda estavam a decorrer. É um local lindo mas com aquelas falhas típicas de quem está a começar! Tivemos uma série de peripécias, mas que foram colmatadas com a simpatia genuína do staff.

Bentota Beach

Sabemos que após a pandemia hotel terá fechado e que começa agora a tentar encontrar o seu lugar. Para perceberem a autenticidade do staff, durante a quarentena recebíamos mensagens do gerente do hotel a perguntar como estávamos e como estavam as coisas no nosso país. Na realidade, a dada altura tivemos uma tarde inteira a conversar com o gerente durante a nossa estadia e acabamos por lhe contar que escrevíamos sobre hotéis e duma forma muito descontraída mas muito honesta dissemos-lhe todos os handicaps que estavam a cometer e o que fazer para melhorar!


O hotel é incrível e tem tudo para se tornar uma referência no país.

Depois duns dias de relaxamento foi tempo de terminar a nossa viagem na cidade mais importante do país – Colombo!

Na realidade, sacrificamos Colombo em prol dos outros locais durante esta viagem. Acabamos por passar apenas um dia na cidade com um objetivo muito específico: almoçar no Ministry of Crab – mas sobre isso o João fala-vos melhor aqui!

Aproveitamos apenas para caminhar pelas caóticas ruas e ter um pequeno vislumbre da loucura que é esta cidade.

Tivemos também a sorte de ter o Parveen connosco que acabou por nos fazer uma espécie de visita guiada de carro pelos locais mais importantes, só para que ficássemos com uma ideia mais geral.
Colombo é a capital comercial do país, a capital política é Sri Jayawardenapura- Kotte.

A red Mosque, também conhecida por Mesquita Jami ul-Alfar

Mas, se puderem não caiam no mesmo erro que nós e explorem a cidade! Esta cidade portuária tem muito a oferecer, e mostra muito a cultura local nos seu mercados e arquitetura cuja influência nos remonta a um verdadeiro cruzamento de povos.

O coração da antiga Colombo é o Forte, construído por nós! Chegamos ao Sri Lanka em 1505 e fizemos um tratado com o rei de Kotte para negociar canela (esta especiaria sempre foi de extrema importância, daí que muitas coisas recebem o nome de Cinnamon no país!).

Claro que depois de autorizados a ficar na cidade, foi apenas uma questão de tempo até expulsarmos os habitantes locais e conseguirmos dominar o reino. Até hoje, essa parte da cidade que iniciou pelas nossas mãos é conhecida como Forte.

Palácio Presidencial

Aqui fica o Palácio Presidencial e a maior parte dos hotéis da cidade. Esta região sofreu bastante durante a Guerra Civil, sendo por isso, ainda hoje, fortemente policiada.

Apesar de não termos visitado nada, segundo o que pude ler na altura sobre Colombo e de acordo com o que o Parveen nos foi mostrando, há locais de visita quase obrigatória:

Farol da Torre do Relógio – de 1987 tinha a intenção de ser o ponto mais alto da cidade.
Farol Old Galle Buch – de 1954 que conta com uma base naval.
Dutch Hospital – antigo hospital mas que atualmente está repleto de bares e restaurantes
Sri Kailawasanathar Swami Devasthanam – templo hindu lindíssimo.

Acabamos por passear bastante a pé pela área de Pettah, que fica fora do Forte, com as suas ruelas e mais ruelas de tudo o que é local e artesanal, o caos completo! Aqui ainda tentamos visitar a Mesquita Jami ul-Alfar, mas estava encerrada, pelo que pudemos apenas vislumbrar a sua fachada vermelha e branca.
Para quem quiser explorar os templos, tem também:
Templo Budista de Gangaramaya – um dos mais antigos da cidade.
Templo Seema Malaka – no lago Beira já do século XX, do renomado arquiteto Geoffrey Bawa.
Templo de Kelaniya Raja Maha Vihara – templo mais importante de Colombo.

Imperdível também o:
Memorial da Independência – construído em 1948 quando o Sri Lanka se tornou independente da Inglaterra.
Vihara Mahadevi Gardens – com a sua enorme estátua budista em frente ao prédio da Câmara e o Museu Nacional.
A cidade merece dois dias! Mas com uma viagem mais curta, opções tiveram que ser tomadas!

Agora só nos resta voltar ao Sri Lanka para fazer tudo o que ficou por fazer!
Quando deixamos o país, não sabíamos que esta seria a nossa última viagem durante um grande período de tempo, nem sabíamos que tínhamos que guardar muito bem esta viagem nas nossas mentes porque seria a última antes daquilo que veio a mudar o nosso mundo por mais tempo do que imaginaríamos.

Obrigada Sri Lanka por teres sido tão acolhedor a receber-nos.

Prometemos voltar!

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