Paris – Maison Blanche

No coração da moda parisiense, em plena Avenue Montaigne, o restaurante Maison Blanche ocupa o topo do edifício do Teatro dos Champs Elysées. Dada a localização e à semelhança de outros vizinhos como o L’Avenue, a moda e o status fashion marcam um ponto importante na vida do restaurante. Renovado em 2001 por Imaad Rahmouni um conhecido colaborador de Philippe Strack, tem na frente envidraçada o seu ponto alto, com uma decoração simples, minimalista mas confortável e acolhedora.  Uma mesa à janela é  sem dúvida a melhor opção, isto se o tempo não permitir a utilização da varanda, esta sim, a grande força da casa e que torna o Maison Blanche um dos restaurantes com melhores vistas de Paris, com o Sena e a Torre Eiffel a servir de pano de fundo.

Vista do terraço

Como as noites frias de Fevereiro não permitiam, acabamos por marcar mesa no interior, onde o jogo de vidros e espelhos, nos permite também a vista sobre a icónica obra. A cozinha, e porque nem só de moda ou de vistas vive um restaurante, está entregue a Hervé Nepple sobre a batuta e olhar atento dos irmãos Pourcel ( Jacques e Laurent, galardoados com 2 estrelas michelin no seu restaurante Le jardin de Sens), pelo que a qualidade e o cuidado não são deixados ao acaso.

Entrando no restaurante, casa cheia, e um ambiente eclético, desde as jovens preparadas para a Paris Fashion Week, que havia começado no dia da visita, a casais de namorados, ou políticos americanos com aspecto de quem havia saído das gravações do House of Cards.

Já na mesa, verificamos que os pormenores não são deixados ao acaso, passando a nossa refeição a ser acompanhada por um simpático funcionário de português perfeito (o do Brasil).

Começamos a refeição pelo habitual pão, de boa qualidade ao qual se seguiu o amuse bouche, com uma interessante polenta e bresaola.


Ostras “Perle Blanche” nº3, maçã Granny Smith e pepino
Ostras de excelente qualidade, muito bem acompanhadas pela camada de cebola e pela frescura do molho de pepino e maça. Um grande início.

A acompanhar, Barmès Buecher Gewurztraminer Herrenweg 2010, um nome complexo para um excelente vinho da Alsácia.


Crocante de caracóis e cogumelos, agrião
É impossível passar por França e não provar os seus clássicos, aqui, os escargots sobre um delicado crocante, cogumelos e um molho de agrião, que funcionou muito bem para trazer alguma envolvência ao prato, uma vez que os caracóis por si só estavam um pouco secos. No entanto e em conjunto tudo resultou muito bem.

A harmornizar um copo de Saint-Bris Corps de Garde um vinho da Borgonha que funcionou bem com o prato.


Peixe galo, cenoura, raiz de cerefólio e redução de citrinos
Um prato com excelente apresentação, servindo-se da cenoura em duas texturas, e de um peixe com coacção certíssima. Não tendo um momento de rasgo criativo ou audácia, o prato não comprometeu com um delicado e bem conseguido conjunto de sabores.

Um tinto leve, do Domaine des Ardoisières, o Argile rouge 2012, foi uma companhia discreta para o prato, não tendo obstruído o mesmo, em nada o melhorou.


Filé de Black Angus,crocante de batata, cantarelos e chalota confitada
Um prato em que brilharam o delicado preparado de chalotas e o crocante de batata, numa espécie de dauphinoise frita e bastante crocante. A carne no ponto, perdia no sabor, à semelhança de todo o lombo), mas foi bem complementada pelo molho. Um bom prato.

A acompanhar um Cadette 2011 do Domaine Les Mille Vignes, que conjugou muito bem com elementos do prato.

As doses do Maison Blanche não são propriamente pequenas, e para um espaço altamente frequentado por gentes da moda não será fácil à maioria da sua clientela acabar os pratos.

Seguiu-se a pré-sobremesa, uma delicada e saborosa mousse de chocolate e caramelo com um praliné de sésamo.


Bolo morno de chocolate “Araguani”, creme de baunilha, gelado de café e citrinos
Todos os elementos do prato estavam bons, com o bolo a destacar-se. Infelizmente a dose era demasiado grande, acabando por se tornar numa sobremesa pesada.


Mil-folhas de caramelo, gelado de rum
Uma sobremesa muito mais bem conseguida, em termos de sabor e proporção, com um folhado excelente, e uma ótima mousse de praliné. O Gelado de rum vem retirar um pouco da doçura, melhorando o conjunto. Excelente.

O Serviço é jovem e descontraído, num espaço moderno, com luz baixa e música que quase nos transporta para o ambiente de passarela. Ainda assim, marcam presença nos momentos certos com uma simpatia genuína e profissionalismo.

Considerações Finais
A cozinha do Maison Blanche pode até não ser uma das melhores de Paris, no entanto se juntarmos outros atributos, como a localização e a esplendorosa vista, à carta dos irmãos Pourcel não haverá duvidas, é um dos restaurantes com melhor vista de Paris e onde a relação qualidade/preço para a cidade não compromete, especialmente ao almoço e de preferência no terraço. Aliando a tudo isso o seu público alvo,  e a bem conseguida transformação do espaço num night club exclusivo, o Maison Blanche é um destino certeiro e a ter em conta numa próxima viagem à cidade luz.

Maison Blanche
15 Avenue Montaigne, Paris
+331 4723 5599

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