Bangkok – Le du

ledu - 1 Além da fantástica comida de rua, a cena gastronómica de Bangkok é uma das mais interessantes da Ásia, com alguns dos melhores restaurantes do mundo como o Nahm e o Gaggan ( 13º e 17º no Guia World’s 50 Best da revista britânica Restaurant). Dito isso não é de admirar que surjam cada vez mais restaurantes e que cada vez mais chefs se mudem para a cidade. Um desses casos é o do jovem chef Ton, um tailandês que se mudou para os USA, formou-se no CIA (não, não se tornou espião, apenas estudou no Culinary Institute of America) e fez carreira em alguns dos melhores restaurantes de Nova Iorque, como o Jean-Georges ou o Eleven Madison Park. Regressado a Bangkok, com o objectivo de trabalhar os ingredientes orientais com um estilo mais nova-iorquino, abriu há cerca de um ano o Le Du, uma das novas  sensações da cidade.

Localizado num pequeno beco junto à estação de BTS de Chong Nonsi, não foi fácil de encontrar mas lá chegamos. O espaço pretende associar a gastronomia ao conceito de wine bar, Ton é também sommelier, e tenta fazer a fusão entre os melhores vinhos e a sua cozinha ( o que não será tarefa fácil dados os elevados valores de impostos sobre os vinhos importados). Na sala de atmosfera citadina e bem cosmopolita, impera a descontracção,  com mesas bem dispostas e uma excelente vista para a cozinha, ao jeito de uma boa peça de teatro.

ledu - 4 Começamos com um brinde de Follador, um clássico Prosseco sem grande história, mas que serviu para arrefecer o corpo e preparar as papilas para o que se seguiria.

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Patê Thai-style, papel de arroz, umê, galanga, Lírio-do-brejo e Sriracha
Um patê de porco que se pretende quase como uma terrina de foie gras, com as devidas diferenças de sabor e textura. Sabores bem asiáticos, com a nota sempre marcante do gengibre e um excelente jogo de texturas. Um excelente início.

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Abacaxi “Phu lae”, rabanete, frutos secos, pó de camarão e porco, neve de menta e leite de coco fumado
Visualmente apelativa, esta entrada representa bem a fusão entre os ingredientes orientais a modernidade ocidental que o chef procura. Um prato fresco, cheio de sabores fortes como o camarão seco e o porco, contrastados na perfeição pelo abacaxi  e a neve de menta, para não falar no leite de coco fumado que recheava o abacaxi e ligava todos os elementos. Delicioso e inesperado.

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Robalo, puré de aipo, tupinambo, pickle de limão e feijão de soja extra fermentado
Mais um prato elegantemente apresentado, robalo cozinhado na perfeição, húmido e de pele crocante. O puré feito com os talos do aipo dá notas mais vegetais em conjunto com o tupinambo e em contraste com o sabor intenso do molho de soja fermentada. Um excelente prato de peixe que combinou muito bem o ocidente e o oriente.

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Cogumelos selvagens, ovo a baixa temperatura, Acacia pennata, pickle de cogumelos ostra, chili, cabaça, molho de peixe e bacon
Um prato que nos poderia ser quase familiar, dada a junção entre cogumelos, ovo e bacon. No entanto, os restantes elementos e os sabores criados no prato criaram algo bem diferente e até inesperado, num bom contraste de texturas e sabores. Só me faltou o pão para mergulhar no fundo do prato.

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Ravioli de Caranguejo e trufa preta, alho frito, bok choy e cebolinha verde
Suculento e fino ravioli de caranguejo bem aromatizado com a trufa, num prato delicado e saboroso. Mais uma vez vez as texturas são um dos pontos altos (algo recorrente na Tailândia, desde a comida de rua aos melhores restaurantes, o cuidado com a combinação de texturas é impressionante).

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Frango com soja escura, pandan, sésamo tostado, pepino e gel de chili e cabra fumada
Peito de frango cozinhado em sous vide com o molho de soja, o que lhe dava um ar aparentemente seco, mas que se revelou completamente oposto, suculento, húmido e macio. O prato combinou muito bem uma variadade de sabores, alguns deles que me eram desconhecidos, como o pandan num excelente balanço entre o doce, salgado  e o ácido. Um prato muito bem conseguido e visualmente muito atraente.

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Avestruz, tamarindo, feijão goa, sticky rice, pasta de chili e arroz tostado
Menos atraente que anterior, foi para mim o menos interessante dos pratos, ainda que a combinação de texturas e sabores no acompanhamento da carne tivesse nuances bastante interessantes.

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Cheesecake de carvão de coco, gel de tarte de limão e gelado de coco com especiarias
Na Europa não estamos habituados a usar o carvão como ingrediente de cozinha, ao contrário da Ásia em que é bastante usado em bolos. Aqui usaram o carvão de coco, para criar um cheesecake leve, com gosto ligeiramente fumado e pouco doce, visualmente diferente, cujo resultado me surpreendeu. Fantástico o gelado de coco  assim como a integração da acidez no gel de limão.

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Gelado de quiabo-róseo, gel de banana e mel, bolo e caramelo
Sobremesa criada em torno do gelado de quiabo-róseo e da banana, com um ótimo gelado mais uma vez, e a banana a fazer a ligação tanto em gel como ligeiramente caramelizada. Positiva ainda a adição de um bolo de Malibu onde pudemos sentir um pouco do álcool e do coco dando pontos adicionais e interessantes à sobremesa. Muito bom.

O Serviço é descontraído na medida certa, com a atenção correcta e a apresentação cuidada dos pratos. Sendo também um Wine Bar, o Le Du tem uma preocupação acrescida com os vinhos, o que não é fácil naquele país como já havia dito. Além do prosecco, acompanhamos a refeição com um Weingut Bernhard Ott ‘Am Berg’ 2013, um vinho Austríaco 100% Grüner Veltliner , cuja frescura e acidez funcionou muito bem com os pratos  iniciais, seguindo-se um tinto da Califórnia, um Beringer Cabernet Sauvignon de 2011, um tinto leve e fácil, que não surpreendendo, deixou brilhar os pratos.

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Considerações Finais
Este Le Du com apenas um ano de existência está mais que de parabéns, o Chef Ton e a sua equipa criaram um balanço quase perfeito entre a modernidade e a contemporaneidade da cozinha ocidental, bem ao estilo de Nova Iorque com as bases e os ingredientes da cozinha tradicional tailandesa. Para nós ocidentais pouco habituados a determinados ingredientes, cada prato traz algo de novo e surpreendente em muitos deles, já para os seus comensais tailandeses têm a oportunidade de ver alguns dos seus ingredientes serem usados como nunca viram ou pensaram. O cuidado estético, a qualidade técnica, o ambiente informal e claro, acima de tudo o sabor, fazem deste Le Du uma das melhores salas de jantar de Bangkok.

Le Du Restaurant
399/3 Silom soi7 Silom Bangrak Bangkok
(092) 919 9969

Flavors & Senses na Tailândia com apoio da Emirates

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