A celebração do Vinho Porto com o título de #PortWineDay levou-nos, no passado dia 10 de Setembro (data em que o Marquês de Pombal em 1756 criou a região demarcada mais antiga do Mundo, o Douro), a um dos muitos jantares vínicos que decorriam um pouco por toda a cidade, na companhia da Ramos Pinto e do Cafeína.
Sobre o espaço de Vasco Mourão, pouco haverá ainda a dizer, são agora 20 anos a celebrar e a marcar a restauração da cidade Invicta com um cunho único. A Ramos Pinto é também ela uma marca única, fundada em 1880 por Adriano Ramos Pinto, à época um visionário, que viu no marketing e na imagem uma forma de levar os seus vinhos a outros voos.
Em dia de casa cheia, como sempre, aliás, começamos a noite com um interessante e complexo Porto Branco, o Adriano White Reserva.
Bolinhos de Bacalhau, couve-flor e cogumelos
Nesta entrada de apresentação simples e elegante, o chef Camilo Jaña propôs-se a reinterpretar os bolinhos de bacalhau e os seus habituais acompanhamentos. O que aparentava ser um bolinho de bacalhau era de facto um croquete de Bacalhau, à base de um roux bem temperado e moldado. Finos e elegantes com o bacalhau a sobressair e muito bem acompanhado de um bom purê de couve-flor, cogumelos ligeiramente salteados e pinhões tostados que deram uma outra dimensão ao prato.
Um excelente início que harmonizou também na perfeição com o Duas Quintas Reserva Branco 2014, um vinho elegante e cheio de complexidade, certamente um dos grandes brancos do Douro.
Borrego lacado como uma Chanfana
Mais uma reinterpretação de um clássico nacional, um borrego cozinhado com Duas Quintas ao jeito de uma chanfana. Visualmente irrepreensível, com a carne húmida e suculenta a indicar a baixa temperatura a que foi cozinhada. Nota alta também para o acompanhamento à base de puré de ervilhas, favas, espargos, ervilhas e chouriço. A falta de molho da dita “chanfana” no prato foi colmatada com uma molheira, facilitando assim a ligação entre todos os elementos e aumentando a ideia do que se queria criar. Um excelente prato que podia facilmente estar na carta do restaurante.
A acompanhar, e muito bem, esteve o Duas Quintas Reserva Tinto 2013, um vinho ainda jovem cuja estrutura e concentração combinou elegantemente com o Borrego. Para desafiar os comensais o prato foi também harmonizado com o Porto Ramos Pinto Vintage 2000, um desafio que surpreendeu e que funcionou também ele numa excelente harmonização graças à estrutura do vinho, às notas de fruta madura e pimenta e à envolvência dos seus 15 anos de envelhecimento.
Tarte de Pêra e Amêndoa, Gelado de Baunilha
Uma sobremesa clássica, bem preparada, ainda que um pouco doce demais para o meu gosto pessoal. Boa ligação com o gelado caseiro de baunilha, em que a frescura ajudou ao excesso de doçura e o sabor a baunilha criou uma boa sinergia com a pêra e a amêndoa para a harmonização final.
No copo, um Tawny Ramos Pinto 10 Anos, produzido em exclusivo com os vinhos da Quinta de Ervamoira. Um vinho de cor alaranjada e notas de fruta e baunilha bem integradas com a madeira. Um excelente final.
Dois dos grandes vinhos do Jantar
Considerações Finais
Mais uma edição do #PortWineDay e mais uma série de excelentes iniciativas criadas em torno do maior símbolo da nossa enologia, o Vinho do Porto. Quanto ao jantar foi uma fantástica oportunidade de provar as novas colheitas de alguns dos grandes vinhos da casa Ramos Pinto, como os incontornáveis Duas Quintas, um dos históricos nomes do Douro, criado há 25 anos por João Nicolau de Almeida. Da cozinha do Cafeína sairam pratos bem preparados, com algumas notas de inovação e irreverência mostrando que depois de 20 anos o restaurante se mantém bem atento ao futuro.
Nota
Estivemos no Jantar da Ramos Pinto para o #PortWineDay a convite da organização, sendo que isso em nada altera o nosso trabalho cuja opinião e o texto são da exclusiva responsabilidade do seu autor.
Fotos: Flavors & Senses