2013 e as mudanças na Restauração

A crise económica e social que se vive no País, associada ao aumento do IVA para a restauração, trouxe grandes mudanças para os restaurantes e chefes portugueses. Segundo a  AHRESP cerca de 75 mil pessoas já perderam o emprego desde o aumento do IVA, muitas casas encerraram e outras  tantas tentam adiar  o mesmo destino, lutando com todas as forças e uma ou outra fuga às intransigentes autoridades.

É certo que os portugueses sempre foram um povo que gosta de socializar à mesa e que por isso, o acto de comer fora sempre esteve bem enraizado. Hoje temos cada vez menos poder de compra, existem cada vez mais desempregados e a população menos afectada pela crise também ela anda mais receosa e poupada, refletindo-se claro nos couverts diários dos nossos restaurantes.

No entanto, e apesar desta crise, é certo que todos os dias abrem novos espaços, uns condenados ao fracasso precoce, outros a uma vida curta e claro alguns ao sucesso. Os moldes do negócio estão diferentes, hoje os antigos espaços tradicionais que sentavam centenas de pessoas deixaram de fazer sentido dando lugar a espaços pequenos, com menos custos adicionais,  a alta cozinha fica reservada a poucos chefes, muitas das vezes com outros negócios que a sustentem. A procura demanda por uma cozinha mais simples e descontraída com o reflexo disso na conta final. O fast food ganha cada vez mais mercado, sendo a nova área de actuação de empresas ditas “gourmet” que vão desde os centros comercias a pequenos estabelecimentos de “sandwiches de autor”.

E com a nossa 1ª linha de chefes, o que se passa? Estarão  a passar ao lado deste momento ou a vivê-lo intensamente? Garantidamente que de uma ou outra forma todos o sentem, se por um lado pode refletir-se negativamente, em alguns poderá ser o momento para outros se lançarem em novos voos e investimentos.

Para isso vejamos o que tem acontecido nas nossas principais cidades, em Lisboa, restaurantes como Gemelli, Tavares, Spot São Luís viram as suas portas abrir pela última vez. Muitos dos chefes da capital  viram  o ano de 2013 trazer-lhes um novo passaporte para a emigração, e assim criativos como Luís Baena (Londres) ou Fausto Airoldi (Ásia)  deixam o nosso País. Outros abandonam os restaurantes que  lideravam, como Leonel Pereira, que abandona o Sheraton para voltar ao Algarve, Henrique Mouro, que deixa o seu espaço de assinatura, João Simões que deixou recentemente o comando do Bistro 100 maneiras ou José Cordeiro que deixa o comando executivo do Altis Belém depois da conquista de uma estrela. Por seu lado, outros como José Avillez e Henrique Sá Pessoa abrem novos espaços, mais descontraídos cozinhando pizzas e hamburgers respectivamente, mais audasz Kiko Martins abre o Talho, juntando conceitos como restaurante, loja e claro um talho.

Já no Porto, o cenário não é muito diferente,  o grupo que detém o restaurante Shis associa-se a Pedro Lemos para a abertura do mega espaço Clérigos, sendo que Pedro Lemos ao final de alguns meses de trabalho decide voltar à sua casa mãe reabrindo o seu espaço homónimo e dando lugar à entrada de José Cordeiro para o espaço Clérigos.  Luís Américo encerra o seu principal cartão de visita, o Mesa, mas abre um espaço em Macau juntamente com Marco Gomes e um restaurante  no novo Mercado do Bom Sucesso.  Jerónimo Ferreira do restaurante Porto Novo do Hotel Sheraton, segue as pisadas de Vítor Sobral e Joachim Koerper rumando ao Brasil, tal como o Alentejano José Júlio Vintém que abriu recentemente um restaurante em Fortaleza. Já o grupo Cafeína decide chegar a um novo mercado abrindo mais um espaço, Portarossa, dedicado às pizzas e à cozinha Italiana.

Entretanto alguns chefes ligam-se a marcas, outros a televisões e editoras,  a importância da gastronomia é cada vez mais significativa, o que traz muitos pontos positivos aos principais chefes nacionais, resta saber a qualidade dos seus consultores de marketing.

E o ano ainda vai a meio….

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