Niepoort apresenta Domaine Jamet e Andre Perret

Aproveitando uma das poucas saídas para o estrangeiro dos produtores Andre Perret (Condrieu) e Jean-Paul Jamet (Rhone), a Niepoort, responsável pela importação dos seus vinhos através do site Niepoort-projectos, decidiu convidar alguns clientes e amigos para uma prova seguida de um jantar no Restaurante Pedro Lemos.

Começando a prova pelos vinhos brancos de Andre Perret, o Condrieu 2012, um vinho 100% Viognier, feito com fermentação 50/50 em inox e barricas de madeira. Apresenta um nariz com notas bastante frutadas, com destaque para o pêssego,e uma boa estrutura na boca.

Subindo de nível, provou-se o Condrieu “Chêry”, feito com vinhas velhas, também ele 100% Viognier. Deste vinho provou-se a colheita de 2012 e 2011, com o 2011 a levar a melhor, estando já mais pronto que o seu sucessor, mais fresco, com maior mineralidade e uma maior complexidade de sabores. O Chêry é um grande branco, com um enorme potencial de envelhecimento.

Passando aos vinhos tintos, entramos no Domaine Jamet, através das palavras do seu produtor, Jean-Paul Jamet, verificamos que não estamos perante um vinho nem um produtor qualquer, o rosto e as mãos de Jean-Paul, indicam isso mesmo, refletindo o trabalho que todos os dias leva a cabo nas suas vinhas, não é um elegante e bonito senhor dos vinhos, mas um incansável trabalhador que controla e acompanha todos os processos dos seus vinhos, e isso nota-se, e muito.

Começamos a prova com o seu Côtes du Rhône 2012, o entrada de gama, num jeito de mini Côte-Rôtie, com um aroma marcado pelos frutos do bosque e um ligeiro fumado. Na boca apresenta-se com fruta escura, uma textura suave e um final intenso. Um excelente vinho para a sua gama.

Seguiram-se os vinhos de Côte-Rôtie, numa prova vertical que começou com o 2012, Fructus Voluptas, um vinho profundo, que como característica de Jamet é ainda demasiado novo, com um potencial enorme de envelhecimento, só daqui por alguns anos mostrará todo o seu potencial. Um vinho para guardar e esquecer na garrafeira durante os próximos anos.

Seguiram-se os Côte-Rôtie, 2011 e 2010,  dois grandes vinhos, ainda com muito para evoluir na garrafa. Destaque para os taninos bem marcados em ambos os vinhos, fruto da utilização do engaço, que caracteriza os vinhos de Jamet.

Passando alguns anos, viajamos até 2004 e 2000, com os vinhos a começar a mostrar a sua afinação e as características que Jean-Paul tanto procura. Nestes, o 2004 era um vinho mais fresco, muito bem equilibrado, com fruta bem madura e excelentes taninos. O 2000, com um toque mais animal  e uma textura bastante interessante, num final mais seco.

Passando à década de 90, provou-se o 98, 97 e 96. À primeira, o 98, pareceu estranho e quase indescritível, mas foi-se abrindo, para mostrar notas de terra num vinho mais austero e difícil. O 97 por seu lado era a elegância na sua forma mais pura, ainda com fruta e aromas fumados, resultando num grande vinho. O 96 também se mostrou um grande equilíbrio, com excelente início e final de boca.

Terminamos a prova com um Porto Branco velho,  com mais de 70 anos em garrafa e outros tantos antes de ser engarrafada, uma experiência rara.

Passando ao jantar, Pedro Lemos preparou uma degustação em 5 tempos com base no seu menu de degustação. Começamos com excelentes pães, onde destaco o pão de Kamut e o de centeio e figo, com a já habitual manteiga de cabra.

Como se fosse preciso, Dirk Niepoort, decidiu também abrir um Buçaco Reservado Branco 2005, um clássico também ele disponível na loja da Niepoort-Projectos, e que grande vinho este, cor dourada e cristalina,  um grande nariz e um final de boca fantástico, sem dúvida um dos ex-libris dos brancos nacionais e ainda com tanto para evoluir.

Amuse bouche

Enquanto todos os comensais iam elogiando o vinho do Buçaco, Pedro Lemos serve uma fresca e leve preparação de Sapateira como Amuse bouche.


Salmonete, Choco, ervilha, puré de azeitona
Seguiu-se um prato novo na carta do restaurante, um delicado e muito bem preparado salmonete, com um salteado de choco a trazer outra textura. Assim como o delicado molho dos fígados, que contrastou muito bem com a azeitona e a doçura trazida pela ervilha. Excelente prato.


Lavagante, Toranja e legumes
Marisco com cozedura irrepreensível dando-lhe uma textura delicada e macia, bem acompanhado pela frescura da toranja com o molho a fazer uma boa ligação entre todos os elementos.

Para acompanhar, nada mais nada menos que uma garrafa magnum de Condrieu “Chêry” 2011, que já havíamos testado durante a prova, um grande vinho que, funcionou muito bem com o prato e que nos pode ensinar muito sobre um grande branco.


Porco preto, favas, xarém e agrião
Porco tenro e suculento, fruto da cocção a baixa temperatura, acompanhado por pézinhos de porco, favas, xarém e um delicado molho como elo de ligação. Um prato saboroso, em que resulta particularmente bem o jogo de texturas entre os vários elementos.


Vitela mirandesa, gnocchi trufado, endívias e espargos brancos
Não sou propriamente fã do “trufado” sem a presença da trufa, por que quem prova os óleos e azeites e o verdadeiro tubérculo sabe que em nada se assemelham. Ainda assim conseguiram que o aroma e sabor não se sobrepusessem aos demais elementos. Com uma excelente carne, também ela cozinhada a baixa temperatura até ao ponto certo. Bem acompanhada de uns delicados e saborosos espargos brancos e pela endívia cujo seu gosto ligeiramente amargo traz ao prato umas notas interessantes.

Para as carnes ficou reservado o vinho da noite, um Côte-Rôtie 1999, que conquistou todos à mesa e cuja melhor descrição possível foi dada pelo produtor, Raul Perez, com um simples e profundo ” é um vinho muito bonito”, um vinho que mostrou o carácter de uma casa e de um produtor único, ou como diria Dirk, Jamet é Jamet.


Banana, Alfazema e sagu
Para finalizar, Pedro Lemos leva-nos numa homenagem à Madeira, com a banana a ser representada em várias texturas, caramelizada, gel e gelado, acompanhada de um creme leve de alfazema e de pérolas de sagu cozinhadas em vinho da Madeira. Uma excelente sobremesa com o doce a não se  fazer sentir em demasia. Muito bom.

Nos vinhos houve ainda tempo para um Moscatel do Douro da Niepoort, produzido em 2000, com uma frescura e acidez raras neste tipo de vinho. Foi servido, ainda, um Garrafeira 1977, um vinho único da Niepoort, com um processo de envelhecimento e engarrafamento exclusivos da casa, revelando um vinho que demonstra isso mesmo no seu caráter, cor ligeiramente acastanhada, nariz com notas de fruta vermelha, chocolate e um pouco de fumo, e na boca elegante, fino e fresco. Mas que grande Porto. Para finalizar, como não poderia deixar de ser, o Vintage 2011, o tão falado ano de grandes Vintages, onde o Niepoort não é excepção.

Já depois de uma longa refeição, e enquanto uma conversa levava a outra,  houve ainda tempo  para Dirk nos “mimar” com um Vintage de 1978.

Para finalizar não posso deixar de agradecer à Niepoort o convite para esta prova tão singular nos seus vinhos como no ambiente criado. De realçar ainda, o facto de a cozinha de Pedro Lemos estar a voltar na sua máxima força para reconquistar o lugar que lhe é devido.

Niepoort-Projectos

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